São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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OS RITMOS DE MALUF

A prefeitura paulistana está ou não com problemas de caixa, a ponto de atrasar pagamentos ou obras?
Eis uma pergunta que recebe habitualmente respostas contraditórias. A prefeitura, qualquer que seja o seu titular, tende a negar sempre que haja esse tipo de problema, para evitar qualquer espécie de dano político-eleitoral. A oposição, inversamente, sempre aponta dificuldades, mas em geral sem conseguir apresentar provas contundentes.
As únicas fontes que poderiam dar uma resposta direta e em tese objetiva seriam os empreiteiros que executaram ou executam obras para a prefeitura. Mas trata-se de um setor que evita, ao mais extremo limite, fazer qualquer tipo de denúncia ou queixa contra o poder público, por motivos óbvios: é extremamente dependente dele, seja para obter novas obras, seja para garantir o recebimento mais ou menos em dia do pagamento por trabalhos já executados.
Mas, no caso das obras da gestão Paulo Maluf, a situação era e é visível a olho nu: durante o período que antecedeu o primeiro turno da eleição municipal, o ritmo com que eram tocadas as obras chegou a ser alucinante. Trabalhava-se de manhã, de tarde e de noite. É claro que o trabalho em três turnos implica custos mais elevados, sob todos os pontos de vista, em especial no que se refere ao pagamento da mão-de-obra.
Agora, na maioria das obras, simplesmente não se trabalha. Fica evidente que, no mínimo, faltou planejamento à prefeitura. Mas cabe até suspeitar que o ritmo anterior era nitidamente eleitoreiro.
Nem é o caso de debater a discutível prioridade para obras viárias -viadutos, pontes, túneis. Nem a inauguração de vários deles alterou a caótica situação do trânsito paulistano, como é igualmente visível a olho nu.
O ponto é outro: constatar o absurdo de impor, com altos custos, um ritmo alucinante num período para, no momento seguinte, dar uma freada brusca, paralisação que igualmente envolve gastos extras.

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