São Paulo, sábado, 9 de novembro de 1996 |
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FANTASMAS RUSSOS Até um "site" na Internet foi colocado no ar para que a opinião pública acompanhasse o estado de saúde do presidente russo, Boris Ieltsin. Recuperando-se de uma cirurgia que lhe acrescentou cinco pontes de safena, Ieltsin reassumiu plenos poderes e até assinou um decreto. Esses fatos revelam ao mesmo tempo quanta coisa mudou na Rússia e quanta ansiedade o futuro do país ainda desperta. No passado, era impensável dar à opinião pública acesso à ficha médica do presidente. Aliás, a regra seria ocultar sempre e ao máximo qualquer risco na cúpula. Agora, a operação do presidente é mais uma cena dentro do espetáculo da mídia internacional. Mas o que há "por trás das câmeras" ou além do show de promoção política? Era urgente tranquilizar os observadores. Mas a recuperação de uma cirurgia tão delicada como essa leva alguns meses, ao longo dos quais (mais um inverno russo) alguma ansiedade permanece. Há poucas semanas, por exemplo, o FMI (Fundo Monetário Internacional) adiou o desembolso de recursos em virtude da frustração com os resultados do ajuste fiscal no período pós-eleitoral. O próprio mercado financeiro russo reagiu com um entusiasmo apenas moderado ao sucesso da operação cardíaca, demonstrando consciência de que, se o pior já passou, a luta pelo poder prossegue. A economia russa vive atualmente uma fase de aperto de liquidez e baixa arrecadação de impostos. O governo passou para uma extrema agressividade contra as grandes empresas sonegadoras. O recurso tem sido ameaçar e divulgar listas com os nomes dos grandes devedores. Ainda assim, a arrecadação tem correspondido a cerca de 45% da meta oficial. Outros problemas russos são a corrupção, o mercado negro e as máfias, que transformam o país numa das economias mais problemáticas do mundo. A Rússia ainda sofre efeitos do desabamento de um Estado que se pretendeu total, mas era apenas totalitário, e agora é quase espectral. Texto Anterior: A CULTURA NA CONTRAMÃO Próximo Texto: Troca de gendarme? Índice |
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