São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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'Coronéis' e 'colloridos' votam no PT em Maceió

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

A chamada "direita" de Alagoas, que reúne políticos tradicionais, "coronéis" do interior e o grupo do ex-presidente Collor, aliou-se informalmente ao PT na eleição à Prefeitura de Maceió.
Na avaliação destes políticos, somente uma vitória da candidata petista Heloísa Helena pode atrapalhar os planos do atual prefeito Ronaldo Lessa (PSB), apontado desde já como favorito concorrente ao governo do Estado.
O PT disputa o segundo turno em Maceió contra a candidata Kátia Born, apadrinhada por Lessa. É a primeira vez que os dois partidos, que comandam a chamada "esquerda" alagoana, vão divididos para as urnas.
Durante todo o período eleitoral, Ronaldo Lessa fez uma espécie de campanha paralela com o lançamento do seu nome ao governo estadual, na eleição de 1998.
"Kátia prefeita, Ronaldo governador", anunciavam ontem, com muito estardalhaço pelas ruas de Maceió, dezenas de carros de propaganda do comitê do PSB.
O prefeito fez uma boa administração, segundo pesquisas de opinião pública. Seu prestígio está em alta no momento em que o governador Divaldo Suruagy não consegue sequer pagar o funcionalismo público em dia.
Com salários atrasados em até cinco meses, a Polícia Militar é o retrato do caos no Estado: são constantes as rebeliões e prisões de militares que desobedecem a hierarquia.
Denilma Bulhões
Parte da chamada "direita" de Alagoas levou o apoio direto e explícito ao PT nestes últimos dias de campanha eleitoral. Foi o caso de Denilma Bulhões (PFL), a polêmica ex-primeira-dama do Estado.
Anteontem, Denilma, candidata derrotada no primeiro turno, fez uma caminhada ao lado dos petistas pelo centro de Maceió. Parecia uma militante do partido.
O deputado federal Albérico Cordeiro (PTB) é outro político da chamada ala "direita" que defende publicamente, inclusive no programa do horário eleitoral gratuito, o voto na candidata do PT.
Além desse apoio direto, a candidatura do PT tem recebido a ajuda na campanha, segundo apurou a Folha, de um núcleo de políticos ligados ao governador Divaldo Suruagy (PMDB) e ao senador Renan Calheiros (PMDB).
Para nenhum dos dois interessa o crescimento do "fantasma" da candidatura de Ronaldo Lessa ao governo, em 98.
A família de Paulo César Farias, o PC, morto este ano, não manifestou apoio público a nenhuma candidatura. A filha de PC, Ingrid, fez campanha, entre os seus amigos, para a candidata do PSB.

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