São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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SP ameaça 'limpar' Banespa

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O destino de R$ 1,8 bilhão que o governo de São Paulo deposita mensalmente no Banespa, em média, gerou novo impasse nas negociações com o governo federal sobre o futuro do banco paulista.
Caso o Banespa seja federalizado, pode ocorrer a transferência desses recursos, que o Estado usa para pagar despesas como o salário do funcionalismo, para a Nossa Caixa/Nosso Banco, a segunda instituição financeira do Estado.
Essa possibilidade evitaria negociações políticas locais para a mudança no texto da Constituição de São Paulo, que reconhece apenas o Banespa e a Nossa Caixa como instituições nas quais as receitas do Estado devem ser depositadas.
O governo federal resiste à idéia porque perderia o único atrativo que resta no Banespa -o depósito de R$ 1,8 bilhão que, devidamente aplicado, pode render cerca de R$ 400 milhões por mês.
Sem isso, enfrentaria mais dificuldades para mantê-lo em operação como instituição federal ou para encontrar candidatos dispostos a comprar o Banespa.
O problema pode ser agravado se as estatais paulistas decidirem retirar seus depósitos mensais do Banespa, em caso de federalização.
As contas de cerca de 40 empresas paulistas movimentam em média R$ 1,3 bilhão por mês.
Além disso, boa parte dos depósitos judiciais hoje destinados ao Banespa pode ser transferida para outra instituição, se houver decisão do Poder Judiciário. Eles totalizam cerca de R$ 1,1 bilhão.
A Folha apurou que bancos privados paulistas vêem com bons olhos a possibilidade de transferência dos recursos arrecadados pelo governo paulista para a Nossa Caixa. Um das razões apresentadas é o fato de que a Nossa Caixa passou por um processo de reestruturação e enxugou suas contas.
Também estaria capacitada a pagar os salários dos funcionários ativos do Estado, já que hoje paga os inativos. Os bancos estaduais não cobram por esse serviço.
O balanço do primeiro semestre da Nossa Caixa mostra que seu patrimônio líquido -diferença entre o total de créditos e o total de dívidas- chegou a R$ 758,8 milhões, quantia 17,9% maior que a de igual período de 1995.
Atualmente, o Estado de São Paulo mantém dívida de R$ 4,6 bilhões com a Nossa Caixa -45,1% do total dos ativos da instituição.
Nos últimos anos, a Nossa Caixa fechou 30 unidades no Estado e conseguiu que 2.055 funcionários aderissem a planos de demissão.
A reportagem da Folha procurou ontem o presidente da Nossa Caixa, Geraldo Gardenali, mas não obteve resposta.

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