São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Corregedoria apura suspeita de tortura

DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Civil instaurou ontem inquérito policial e sindicância administrativa para apurar se houve abuso de autoridade e espancamentos contra os nove homens inicialmente acusados do crime do bar Bodega.
Depois de 60 dias detidos no 15º DP, eles foram soltos por falta de provas e sob a suspeita de que teriam sido torturados para confessar. Três deles haviam admitido o roubo e as mortes da estudante Adriana Ciola e do dentista José Renato Tahan, ocorridas em 10 de agosto passado.
Anteontem, o Departamento de Homicídios anunciou a prisão de dois homens sob a acusação de serem os verdadeiros autores.
"É bastante esquisito três homens confessarem um crime que não praticaram. Um pode ser, mas três é muito difícil. É preciso saber o que há por trás disso", disse o delegado Roberto Maurício Genofre, 58, diretor da corregedoria.
"Não houve tortura, mas não sei o que levou essas pessoas a confessar um crime que não cometeram com riqueza de detalhes", declarou o delegado João Lopes, responsável pela investigação no 15º.
Segundo o ouvidor da Polícia de SP, Benedito Domingos Mariano, as denúncias envolvendo policiais civis são quase 20% maior do que as mesmas acusações contra policiais militares, em São Paulo.
"Isso indica que a prática de tortura ainda existe nas etapas de investigação, que é de responsabilidade da Polícia Civil", disse.

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