São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Spielberg busca a luz

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Quanto mais se vê "A Lista de Schindler", de 93, mais "A Cor Púrpura" (HBO, 16h) parece admirável. Este último é de 1985 e foi, salvo erro, a primeira tentativa séria de Steven Spielberg de ganhar o Oscar.
Os defeitos talvez sejam os mesmos, ou quase. Spielberg perde em leveza, quando faz esse tipo de filme, como se assuntos dramáticos devessem pesar obrigatoriamente mais.
Também é possível dizer que há sinceridade em ambos os casos. A história de Celie, garota negra cuja vida parece destinada à tragédia e ao obscurantismo, não interessa ao diretor menos do que a do industrial nazista Schindler.
Ambos os personagens têm de executar uma travessia a caminho da luz. No caso da moça, da ignorância à linguagem escrita. No caso do industrial, permeando os códigos do hitlerismo. Nos dois casos, o mundo se apresenta como mistério a ser decifrado.
Não parece haver um motivo muito claro para que "Schindler" tenha ganho uma penca de Oscars e "A Cor Púrpura", não. Exceto, talvez, o momento. Após a tentativa dos historiadores ditos revisionistas de desqualificar o genocídio dos judeus pelos nazistas, Schindler virou um símbolo.
A jovem Celie, de "A Cor Púrpura", ao contrário, encarna uma determinação pessoal insuperável. Mas é, na mesma medida, comovente.
(IA)

Texto Anterior: CLIPE
Próximo Texto: Aqui, tudo é mercado e privilégio a um só tempo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.