São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996 |
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Spielberg busca a luz
INÁCIO ARAUJO
Os defeitos talvez sejam os mesmos, ou quase. Spielberg perde em leveza, quando faz esse tipo de filme, como se assuntos dramáticos devessem pesar obrigatoriamente mais. Também é possível dizer que há sinceridade em ambos os casos. A história de Celie, garota negra cuja vida parece destinada à tragédia e ao obscurantismo, não interessa ao diretor menos do que a do industrial nazista Schindler. Ambos os personagens têm de executar uma travessia a caminho da luz. No caso da moça, da ignorância à linguagem escrita. No caso do industrial, permeando os códigos do hitlerismo. Nos dois casos, o mundo se apresenta como mistério a ser decifrado. Não parece haver um motivo muito claro para que "Schindler" tenha ganho uma penca de Oscars e "A Cor Púrpura", não. Exceto, talvez, o momento. Após a tentativa dos historiadores ditos revisionistas de desqualificar o genocídio dos judeus pelos nazistas, Schindler virou um símbolo. A jovem Celie, de "A Cor Púrpura", ao contrário, encarna uma determinação pessoal insuperável. Mas é, na mesma medida, comovente. (IA) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Aqui, tudo é mercado e privilégio a um só tempo Índice |
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