São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Vergonha nunca mais

GILBERTO DIMENSTEIN

Os pais já não precisam sentir vergonha de seus filhos pequenos.
Novas máquinas vão facilitar a vida dos analfabetos tecnológicos, atemorizados com a teia de comandos dos computadores -até agora mais acessível aos filhos do que aos pais.
Está muito mais fácil receber e enviar mensagens escritas para qualquer parte do planeta, dispensando selos e carteiros. Um novo modelo de telefone, recém-lançado no mercado, custa apenas US$ 290 e já vem com correio eletrônico, o chamado e-mail.
Ao preço de uma chamada local, o indivíduo envia mensagens que chegam em segundos, sem enlouquecer diante da tela. É fácil como ligar a televisão ou o rádio.
As lojas neste Natal estão mostrando que, se as massas não vão ao computador, o computador vai às massas. Esse movimento apressa uma extraordinária revolução, ajudando a vida das pessoas comuns ao democratizar a tecnologia.
Pelo seu papel na educação, saúde e em todos os aspectos da vida familiar, o computador ligado às redes de informação deveria ser considerado tão importante quanto a geladeira.
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De olho no analfabeto tecnológico -a imensa maioria das pessoas-, as empresas perseguem uma meta: tornar os aparelhos cada vez mais leves, baratos e fáceis de usar. Estão conseguindo, ao misturar o computador aos aparelhos com os quais temos intimidade, como televisão ou telefone.
O telefone com correio eletrônico é um exemplo entre as novidades comercializadas, reduzindo a distância entre o homem e a informação e a desigualdade na repartição do saber.
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Por apenas US$ 270 já se compra um aparelho que dá acesso à Internet, a rede mundial de computadores, com auxílio dos modernos aparelhos de televisão; basta apertar um comando no controle remoto. Mais fácil do que operar um forno de microondas.
Uma pequena idéia do que significa essa redução de preços. O presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro da Educação planejam (erradamente, diga-se) gastar US$ 250 milhões para comprar 100 mil computadores, instalando-os em sala de aula. Com esse mesmo valor poderiam, por exemplo, adquirir pelo menos 500 mil computadores desses modelos simplificados.
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Seguindo esse caminho, começou este mês a ser vendido nos EUA um telefone celular que já vem com e-mail. Muito mais vem por aí: os japoneses lançam, em dois anos no máximo, o telefone celular acoplado ao relógio, capaz de reconhecer a voz do dono.
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PS - Um dos mais conhecidos ginecologistas brasileiros, professor Cláudio Basbaum, introdutor do parto sem dor no Brasil, lançou ontem um movimento em São Paulo que mostra como a defasagem tecnológica tem um lado cruel. O movimento se chama "Mulheres, salvem seus úteros".
Com 30 anos de experiência, ele conta que as mulheres brasileiras são submetidas desnecessariamente a traumáticas cirurgias porque os hospitais públicos não têm recursos para comprar aparelhos modernos, utilizados largamente nos países ricos.

E-mail gdimen@gnn.com.
Fax (001-212) 873-1045

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