São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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PALAVRA DE PRESIDENTE

A reafirmação pelo presidente da República do compromisso com a privatização da Companhia Vale do Rio Doce é um marco importante. Sobretudo porque nos últimos meses desenvolve-se uma verdadeira guerra no Congresso, em especial no Senado, onde há uma pressão significativa, senão para impedir a venda da estatal, ao menos para influir decisivamente no processo de venda.
O empenho da palavra presidencial evidentemente não resolve todas as questões. A mais delicada e que, aliás, tem merecido pouco debate por parte da opinião pública é a demanda de lideranças regionais, aparentemente endossada pelo atual presidente do Senado, José Sarney, no sentido de pelo menos transferir aos Estados parte da receita a ser gerada com a venda da Vale.
O governo federal -em especial as autoridades da área econômica- tem sido enfático na resistência a reclamos regionalistas. É crucial que o presidente da República garanta o mais firme apoio à determinação dos ministros econômicos de utilizar integralmente os recursos da privatização no abatimento de dívida pública.
A privatização como diretriz tem muitos méritos, entre os quais destaca-se a oportunidade histórica de redefinir as condições de financiamento do setor público, em todo o país, e não só na área federal.
A busca de ganhos imediatos pelos Estados onde a Vale opera, ou seja, a pressão por mais gastos públicos financiados pela privatização apenas criaria no mercado financeiro a convicção de que nada de fundamental muda na equação financeira do governo. A dívida pública poderia até mesmo elevar-se, se a desconfiança de um governo que privatiza para gastar mais produzir como efeito um custo maior de rolagem da dívida pública (ou seja, se à desconfiança corresponderem juros mais altos).
A privatização tem sido uma das bandeiras mais incompreendidas e, até certo ponto, uma das frustrações mais sentidas pelos que apoiaram o projeto político do presidente FHC. É hora de fazer o projeto avançar e não apenas com palavras.

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