São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996 |
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'Sermos mulheres é a única semelhança'
DA ENVIADA ESPECIAL A candidata do PT à Prefeitura de Natal, Fátima Bezerra, disse que aceitou o apoio do PMDB porque ele veio "pela porta da frente, sem barganha, conchavo nem loteamento de cargo".Fátima criticou a ligação da adversária Vilma de Faria (PSB) com o PFL e a família Maia. Para a candidata petista, as duas só têm em comum o fato de serem mulheres. * Folha - A sra. acha que perdeu as eleições? Fátima Bezerra - De jeito nenhum. Natal tem uma tradição de disputa acirrada muito grande. Nas últimas eleições para prefeito, houve uma diferença de 900 votos, em 350 mil eleitores. Não contesto o resultado das pesquisas que dão vitória a Vilma, mas elas refletem momentos que podem mudar horas depois. Folha - Como a sra. avalia seu desempenho até agora? Fátima - O PT só tem 15 anos. No Rio Grande do Norte, nunca tínhamos alcançado uma performance dessa natureza. Para nós, já é um sinal de vitória. Folha - Como foi competir com uma candidata que também é mulher e de partido de esquerda? Fátima - Estou enfrentando uma estrutura muito poderosa. A candidatura Vilma não tem nada de progressista nem de esquerda. O PSB aqui é uma sigla de aluguel. Minha disputa não é com a Vilma nem com o PSB. É com o PFL, com o grupo Maia, que é a força mais atrasada deste Estado. Folha - Não vê, então, semelhança alguma com Vilma? Fátima - A única semelhança é o fato de sermos mulheres. Temos trajetórias completamente distintas e opostas. A candidata adversária foi criada politicamente no seio da ditadura militar. Eu, no calor das lutas populares. Ela foi primeira-dama biônica. Sempre teve uma máquina por trás. Vive num eterno ziguezague. Não é confiável. Já traiu os Alves e os Maias. Folha - Como a sra. vê o apoio que recebeu do PMDB? Fátima - Vejo com muita satisfação. No segundo turno, o jogo zera e é preciso fazer distinção entre coligação e apoio. Jamais me coligaria ao PMDB, porque não temos afinidade de programa. Quero ganhar estas eleições, mas não vou vender a alma ao diabo. Texto Anterior: 'Sempre fui independente e de esquerda' Próximo Texto: Curitiba vira tema de debate Índice |
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