São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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Candidato do PSB em BH diz que tem autonomia para discordar de Arraes

FERNANDO GODINHO

FERNANDO GODINHO; PAULO PEIXOTO
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Célio de Castro é contra fim da estabilidade do funcionalismo, contrariando presidente do partido

PAULO PEIXOTO
O candidato do PSB à Prefeitura de Belo Horizonte (MG), Célio de Castro, declarou-se independente do presidente do seu partido, o governador de Pernambuco, Miguel Arraes.
"O governador Arraes pode ter suas opiniões, e eu tenho total autonomia para discordar dessas posições. Acho que o governador está errado", disse o candidato.
Essa foi uma resposta ao seu adversário, Amílcar Martins (PSDB), durante debate na TV Globo, na noite de anteontem. Martins provocou Castro citando declarações de Arraes de apoio ao fim da estabilidade do funcionalismo.
O tucano também citou dois governadores do PT, Vítor Buaiz (ES) e Cristovam Buarque (DF), que defendem programas de demissão voluntária e privatizações.
"A premissa do alinhamento automático não faz parte do meu ideário político", rebateu Castro.
Temas nacionais
Temas nacionais dominaram o último dia de campanha. Os candidatos debateram privatização, contas públicas, neoliberalismo e social-democracia.
Castro defendeu a necessidade de uma moeda forte, mas criticou a "desestruturação do parque produtivo" e a punição do servidor público como forma de garantir estabilidade monetária.
Martins defendeu o Real. Disse que o governo FHC promoveu a maior distribuição de renda do país. Castro se valeu até das críticas do sociólogo francês Alain Touraine, amigo de FHC, que cobrou do governo federal maior ação na área social. "É uma opinião pessoal", respondeu Martins.
No primeiro turno, o candidato do PSDB procurou evitar entrar nos temas nacionais. Agora, aceitou o debate aberto e muitas vezes até estimulou essa discussão.
O governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), articulador da candidatura de Martins, reapareceu anteontem no último programa eleitoral para pedir votos ao candidato tucano.
Azeredo quase não apareceu fazendo campanha para Martins no segundo turno, reduzindo explicitamente sua participação em comparação com o primeiro turno.
Antes de 3 de outubro, Azeredo participou de quase todos os programas eleitorais, fez corpo-a-corpo e participou de comícios.
No segundo turno, marcou presença em apenas algumas reuniões públicas da campanha. Ele justificou essa menor presença pelo fato de, no segundo turno, o debate ter sido realizado entre os candidatos.
No último domingo, o governador disse que seu afastamento não se devia ao desempenho de Martins no 2º turno. Ele criticou o que chamou de "ataques orquestrados das outras candidaturas no primeiro turno" contra o PSDB.
Os candidatos Amílcar Martins e Célio de Castro reduziram o ritmo da campanha ontem.
Martins visitou uma creche na periferia da cidade. O socialista participou de um ato na Câmara contra a privatização da Vale.

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