São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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Jato que caiu teve problema de aceleração

DA REPORTAGEM LOCAL

Houve pane no sistema de aceleração automática durante a decolagem do Fokker-100 da TAM que caiu no dia 31 de outubro em São Paulo, segundo funcionários da TAM que tiveram acesso às informações da caixa-preta do avião.
A pane do sistema, conhecido como autothrottle, teria ocorrido durante a aceleração na pista e pode ter confundido o comandante José Antonio Moreno.
O piloto teria desligado o sistema automático e comandado a aceleração dos motores "na mão", mas a abertura indevida do freio aerodinâmico do motor direito -o reverso- teria sido identificada por Moreno como decorrência da falha do autothrottle.
Assim que o reverso abriu, um cabo de segurança puxou o manete direito da aceleração, fazendo com que recuasse, desacelerando o motor. O movimento aleatório do manete é típico de uma pane no autothrottle.
Moreno teria, então, avançado o manete à posição correta, acelerando a turbina.
Mas, com o reverso aberto, o motor funcionou como se estivesse em marcha à ré. Quanto maior a aceleração, maior o empuxo (impulso) para trás.
O cabo de segurança teria novamente recuado o manete e, pela segunda vez, o piloto avançou-o.
A força que o piloto aplicou sobre o manete quebrou o cabo, liberando o manete, que ficou então na posição correta, embora o avião, naquele momento, perdesse altura.
As duas caixas-pretas do avião devem ser entregues amanhã à comissão que investiga o acidente.
Os integrantes da equipe realizaram esta semana, em Washington (EUA), uma reconstituição gráfica dos detalhes do acidente.
A reconstituição foi feita a partir das informações dos dados das caixas-pretas.
Documento
O Sindicato Nacional dos Aeronautas apresentou ontem, no Rio, cópia de um documento que torna obrigatória nos Estados Unidos a adoção de novos procedimentos recomendados pela Fokker para a decolagem com os jatos F-28 das série 70 e 100.
O documento da FAA, órgão que regula a aviação civil nos EUA, foi enviado via fax pela associação de pilotos norte-americana.
Segundo o secretário de relações internacionais do sindicato brasileiro, Hélio Rubem de Castro Pinto, a FAA adotou os procedimentos após ser comunicada pela RLD, sua similar da Holanda, da decisão da Fokker -empresa holandesa.
A RLD oficializou a obrigatoriedade dos novos procedimentos em solo holandês no último dia 7. A FAA, comunicada no dia seguinte, adotou-os imediatamente.
A partir de agora, o piloto, antes de fazer a decolagem, precisa ativar o autothrottle (sistema de aceleração automática).
O funcionamento normal de pelo menos um dos dois canais elétricos do autothrottle indica que os reversos estão travados e não abrirão indevidamente.
Se os dois canais elétricos do autothrottle estiverem inoperantes, a decolagem deve ser abortada, porque, pela aceleração manual, não há garantia de que os reversos estejam seguramente travados.
A equipe técnica precisa, então, colocar travas adicionais nos reversos.

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