São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996 |
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Ex-menino de rua recebe 10 na USP
ARMANDO ANTENORE
A dissertação analisa a trajetória de 370 garotos que, abandonados pelos pais entre 1958 e 1964, cresceram em internatos públicos. E constata que 135 (ou 36,5%) se tornaram criminosos na maioridade. Com base em tais números, o pesquisador conclui que os internatos são "escolas do crime", porque impõem a violência como elemento regulador das relações entre as crianças. O próprio pedagogo faz parte da amostra estudada. Em março de 1963, sua mãe o abandonou com outros três filhos. Silva viveu, então, em orfanatos estatais, separado dos irmãos. Tinha 16 anos quando deixou o último internato. Passou a morar nas ruas e acabou preso. Tomando a tese por referência, moverá, ainda em novembro, uma ação indenizatória inédita contra o governo paulista. Responsabilizará o Estado por educá-lo mal, afastá-lo compulsoriamente dos irmãos e conduzi-lo à marginalidade. A defesa ocorreu na Faculdade de Educação, das 9h15 às 12h30. Eduardo Domingues, presidente da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), compareceu à cerimônia, que atraiu cerca de 80 ouvintes. A professora Maria Luiza Marcílio, titular do departamento de história da USP e membro da banca examinadora, afirmou que a tese denuncia não só as políticas de amparo à infância. "Também serve de alerta à universidade -que está, em grande parte, alheia às graves questões sociais do Brasil." Para desenvolver a pesquisa, o pedagogo contou com a orientação da socióloga Angelina Peralva. Texto Anterior: Direito tem 2,36% de provas em branco Próximo Texto: Avaliação seriada da UnB é tema de debate Índice |
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