São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996 |
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Ruim sem ela, pior com ela
MAURÍCIO ANTUNES BARREIRA
Desde 1993, fazemos uma programação totalmente voltada para a música brasileira de qualidade, com resultados muito positivos. Ainda assim, não consigo acreditar que em plena era da globalização alguém conceba uma lei que carregue em si uma postura paternalista e ultrapassada, saída de alguma gaveta empoeirada dos tempos da ditadura militar. E a liberdade de expressão, onde é que fica? Será que essa não seria uma forma velada de desenterrar a boa e velha censura? Sim, acho que pode e deve haver incentivo para empresas de qualquer ramo que divulguem ou patrocinem quaisquer espécies de manifestações culturais do país. Como as Leis Rouanet e Mendonça, por exemplo. Mas taxar a produção estrangeira é um abuso. E favorecer este ou aquele gênero de música brasileira é puro preconceito. Existem rádios em São Paulo que têm altos índices de audiência veiculando pagode. Quem decidiu que o pagode é um gênero mais ou menos autêntico que a música instrumental ou regional? Se a proposta é fazer uma reforma cultural, mãos à obra. Vamos fundo. Então, que seja dado à população acesso à informação e à cultura, inclusive de outros lugares do mundo, e deixar que ela resolva o que considera bom ou não. Essa "lei da música", do jeito que está sendo planejada, me parece apenas um remendo malfeito. Ruim sem ela, pior com ela. Texto Anterior: Ziraldo descrê de 'protecionismo clássico' Próximo Texto: Festival tem alteração no programa Índice |
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