São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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EUA vão participar de missão no Zaire

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os Estados Unidos anunciaram ontem que participarão da missão internacional que tentará garantir a distribuição de ajuda humanitária a refugiados no leste do Zaire.
O anúncio foi feito na Casa Branca pelo porta-voz Mike McCurry. Ele afirmou que o país participará "de forma limitada" da operação liderada pelo Canadá.
Segundo o porta-voz, a decisão foi tomada pelo presidente Bill Clinton após uma conversa telefônica com o premiê do Canadá, Jean Chrétien.
O secretário de Defesa dos EUA, William Perry, disse que devem ser mandados cerca de mil soldados para o aeroporto de Goma, que centralizará a distribuição de suprimentos.
Um número menor de soldados também deve ser enviado para países vizinhos, para garantir a operação da ponte aérea. Um batalhão de infantaria e helicópteros garantirão a segurança.
Perry disse que os detalhes da missão ainda estão sendo acertados, e a participação norte-americana pressupõe garantias de segurança do Zaire e de Ruanda.
Os Estados Unidos também querem definir com exatidão os objetivos da missão e a data de seu término. O governo teme um fracasso semelhante ao ocorrido na Somália, em 1993.
O Reino Unido também anunciou ontem que concorda em participar da missão. Esperava-se que o Conselho de Segurança da ONU desse o quanto antes seu aval para o início da missão humanitária.
Incidentes
Rebeldes tutsis bombardearam ontem um hospital de Goma, leste do Zaire, interrompendo por algumas horas o desembarque de suprimentos para mais de 1 milhão de refugiados que estão na região.
Ninguém ficou ferido. Os quatro disparos de artilharia foram efetuados pouco depois de os rebeldes tentarem sem sucesso abater um avião que sobrevoou por três vezes a região de Goma.
Segundo os rebeldes, a aeronave estaria transportando soldados franceses. A França negou. Os rebeldes ameaçaram disparar contra qualquer soldado francês que entrar na zona sob seu controle, inclusive como parte de uma missão de paz. Os tutsis consideram a França aliada dos rivais hutus.
O governo de Uganda disse ontem que três soldados do Zaire atacaram postos de fronteira na divisa entre os dois países. O Zaire negou a ocorrência dos ataques.
O ministro de Cooperação Internacional de Uganda, Martin Aliker, afirmou que seu país só vai dar apoio a uma missão "neutra" no Zaire. Ele disse rejeitar a participação de países que "tiveram seus nomes manchados na África", citando França e Reino Unido.
Apelo
O papa João Paulo 2º afirmou em Roma que "nada justifica um novo atraso na entrega de ajuda" aos refugiados.
Emma Bonino, comissária européia para ajuda humanitária, disse ontem no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, que se a missão internacional de ajuda ao Zaire não for enviada dentro de três semanas, "só terá o trabalho de enterrar cadáveres".

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