São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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Hebron faz Netanyahu cancelar viagem aos EUA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Na iminência de um acordo para entregar parte da cidade aos palestinos, premiê decide ficar em Israel

Hebron faz 'Bibi' cancelar viagem aos EUA
O premiê de Israel, Binyamin "Bibi" Netanyahu, cancelou ontem uma viagem para os EUA horas antes do embarque previsto na esperança de que o país chegasse a um acordo com os palestinos sobre Hebron, na Cisjordânia.
"Ele não quer que a sua visita atrase a obtenção de um acordo sobre a cidade", disse Moshe Fogel, porta-voz do governo.
Os negociadores dos dois grupos estão próximos de atingir um acordo pelo qual os soldados de Israel devem deixar 80% da cidade para ser patrulhada por palestinos.
Uma autoridade israelense disse que o acordo deveria sair hoje.
Dois negociadores palestinos se encontraram ontem com o premiê Netanyahu em Tel Aviv e retomaram depois as negociações na casa do embaixador dos Estados Unidos em Israel, Martin Indyk.
O premiê israelense cancelou o que seria a sua quarta visita aos EUA desde que assumiu o poder, há cinco meses. Em sua nova viagem, ele deveria discursar para simpatizantes da causa judaica.
Netanyahu decidiu não ir para os EUA reconhecendo a importância do tratado que pode ser atingido.
Seria o primeiro acordo de seu governo com os palestinos -o que mostraria que ele sabe negociar- e resolveria um problema que se arrasta desde março.
Na época, o governo trabalhista (hoje na oposição) adiou a saída de Hebron por causa de uma série de atentados de grupos islâmicos.
Temia-se pela segurança dos mais de 400 judeus que vivem entre 120 mil palestinos em Hebron.
Segundo o plano agora esboçado, a cidade será dividida em duas partes. Em uma delas, devem morar 100 mil palestinos protegidos por 400 policiais árabes. Na outra, devem ficar os colonos, mil soldados israelenses e 20 mil palestinos.
Depois da morte de 75 pessoas nos protestos de palestinos contra o governo de Israel em setembro, a pressão internacional cresceu para que Hebron fosse entregue.
Mas o governo Netanyahu queria garantir a segurança dos judeus que moram no local, criando um impasse que existia ainda ontem.
A última reivindicação de Israel, citada pelos negociadores palestinos, era que os soldados israelenses pudessem perseguir suspeitos de crimes também nos territórios a serem entregues aos árabes.
Muitos soldados israelenses já deixaram o seu quartel-general na cidade na perspectiva da entrega.

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