São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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EUA rejeitam investigar caso Asiagate

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A secretária da Justiça dos EUA, Janet Reno, recusou, em princípio, o pedido feito pouco antes da eleição de 5 de novembro pelo Partido Republicano para que se indicasse um promotor independente para apurar o caso Asiagate.
Em carta dirigida ao senador da oposição John McCain, autor do pedido, Reno disse que sua solicitação carece de evidências de que alguma autoridade do primeiro escalão do Poder Executivo possa ter cometido crime no episódio.
A lei nos Estados Unidos dá ao secretário da Justiça o poder de solicitar a uma corte federal que nomeie promotores independentes para investigar acusações contra altos funcionários do governo.
Esses promotores não respondem ao Executivo, como todos os outros, mas sim ao Judiciário.
Há quatro promotores independentes trabalhando em casos contra o governo Clinton.
O Asiagate envolve acusações de que a campanha pela reeleição do presidente recebeu doações ilegais de empresas e cidadãos estrangeiros. O Partido Democrata, de Clinton, já devolveu 11 contribuições, no valor total de US$ 762 mil, por achar que elas podem ter sido impróprias. O presidente do partido também reconheceu que deixou de tomar medidas importantes para se certificar de que todas as doações eram legais.
Mas Reno, por enquanto, acha que não há indicações de envolvimento de funcionários da Casa Branca em qualquer possível irregularidade. Pela lei, funcionários do governo não podem participar da campanha pela reeleição de um presidente. A decisão de Reno pode mudar com novas evidências.
Clinton só comentou em público o Asiagate depois da eleição. Afirmou que nunca se envolveu com os negócios da campanha e negou com veemência que doações de empresários da Indonésia possam ter influído na política dos EUA em relação àquele país.
Reno tem dito a jornalistas que lhe perguntam se vai ficar no governo que deseja permanecer "se o presidente quiser". Em Washington, é tido como certo que Clinton gostaria de receber a renúncia de Reno, mas que não vai tomar a iniciativa de demiti-la porque isso poderia soar aos eleitores como vingança pelo fato de ela ter autorizado a nomeação de quatro promotores independentes desde 1992, inclusive um para o caso Whitewater, que envolve o presidente e a primeira-dama.
A secretária, de 58 anos, sofre de mal de Parkinson. Ela tem altos índices de popularidade. A maioria do público a considera independente e honesta. Ela foi a terceira opção de Clinton para o cargo.

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