São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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PUBLICIDADE SOB SUSPEIÇÃO

A administração das verbas para publicidade de qualquer governo, em qualquer esfera, exige cuidado mais do que redobrado, não só pelo caráter político que tal uso pode vir a ter como por problemas históricos que a área já vivenciou. Favorecimentos de agências de publicidade ou facilitação de pagamento a veículos que apóiam os governos são vícios que rondam o setor. É preciso assim toda a atenção para que o governo pague pela sua publicidade os mesmos preços obtidos pela iniciativa privada.
Assim, é no mínimo com estranheza que deve ser recebida a transferência da administração das verbas de publicidade do governo federal para a presidência da Radiobrás. O atual presidente da empresa, Maurílio Ferreira Lima, assume a responsabilidade que anteriormente era do porta-voz da Presidência da República, embaixador Sergio Amaral.
Ferreira Lima passa a gerenciar tudo o que envolve a publicidade do Executivo federal. O mínimo que se deveria esperar era que o profissional responsável por essa área tão delicada estivesse concentrado apenas em suas funções. Não é exatamente o caso de Maurílio Ferreira Lima.
Ativo politicamente, o presidente da Radiobrás tem sido um dos grandes cabos eleitorais a favor da reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. Chegou até a imprimir material de campanha, 15 mil adesivos e cartazes, com a inscrição "FHC-98". Afirmou que pagou do próprio bolso pelo material, mas tal engajamento político coloca sob suspeição o futuro da administração da publicidade do Executivo federal.
Setor tão delicado como esse não deveria ter tal proximidade de questões políticas. Nesse caso, aplica-se o velho ditado segundo o qual não basta ser isento, mas é preciso também parecer isento.

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