São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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Pensa em mim

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - José Sarney brinca. "Quando ele viaja, não se esquece de mim", diz o presidente do Senado. No caso, o "ele" da frase de Sarney é o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
Sarney estava se referindo à declaração de FHC no Chile a respeito da privatização da Vale do Rio Doce, a gigante estatal na área da mineração.
Ao comentar que Sarney seria contra a privatização da Vale, FHC disse que o presidente é apenas um voto entre 81 senadores.
O assunto estava quase morrendo de morte morrida. A frase de FHC serviu para fazer fervilhar novamente a cabeça dos senadores que são contra a venda da Vale.
Semana que vem, a poderosa Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) deve votar uma resolução a respeito. Os senadores poderão retirar empresas da lista de estatais colocadas à venda.
Sarney, que estava sendo amolecido pelo Palácio do Planalto, mais do que depressa resolveu assinar um manifesto contra a venda da estatal. O texto foi preparado a mando de Itamar Franco.
O manifesto será lançado também na terça-feira que vem. Deve unir todos os segmentos nacionalistas, de esquerda ou simplesmente aqueles que duvidam da lisura do processo de privatização do governo federal.
Há dúvidas sobre os efeitos que pode ter a pajelança nacionalista de terça-feira. Mas que vai produzir efeitos, isso vai.
Para o governo federal, não privatizar a Vale seria uma pequena catástrofe. Os técnicos da equipe econômica contam com o dinheiro das privatizações para contrabalançar o rombo, já previsto, que as exportações vão causar no ano que vem.
Como se não bastasse tudo isso, Sarney está para receber, nos próximos dias, a resposta a um requerimento de informações que fez sobre a Vale. "Perguntei tudo. Sobre os cálculos para saber o valor de cada subsidiária, por exemplo", diz.
Quando os documentos chegarem para Sarney, aí sim FHC terá motivos para pensar no presidente do Senado.

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