São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Carta provocou restrições

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA SUCURSAL DO RIO

Mesmo antes da liminar judicial contra o "data room", o governo havia decidido vetar o acesso a algumas informações consideradas estratégicas sobre a Vale.
A decisão sobre o veto do governo foi comunicada ontem, na hora do almoço, ao presidente da companhia, Francisco José Schettino, pelo BNDES. A Folha apurou que a Vale não quer divulgar, entre outras informações, acordos comerciais com outras empresas.
A contestação à venda dos segredos foi feita por Schettino, em carta a Luiz Carlos Mendonça de Barros, presidente do BNDES.
"O BNDES encaminhou à Vale uma relação contendo o rol de informações que serão disponibilizadas no 'data-room', na qual consta uma série de informações/documentos que, a nosso ver, podem colocar em risco os negócios da companhia e acarretar, por consequência, prejuízos a seus acionistas", diz a carta.
A norma aprovada pelo CND (Conselho Nacional de Desestatização), prevê uma multa de R$ 50 milhões para quem vazar informações a terceiros. Além disso, o acesso ao "data room" impede que o interessado negocie as ações da Vale durante um ano.
Schettino diz na carta que o "fato de se ter previsto a celebração de um acordo de confidencialidade e não-negociação de ações (...) não evita que na prática informações sejam repassadas a terceiros".
O diretor da área de desestatização do BNDES, José Pio Borges, disse que o banco negociou com a direção da Vale a retirada do "data room" de dados que a estatal considera "extremamente sigilosos".
"Nosso trabalho tem sido feito em conjunto com a direção da Vale e assim será até o fim", afirmou.
Para Pio Borges, as preocupações de Schettino quanto ao uso de informações privilegiadas pelos interessados no "data room" teriam sido resolvidas. A Vale do Rio Doce não se pronunciou sobre as informações de Borges.
Segundo a Folha apurou, as negociações sobre as objeções de Schettino se desenvolveram durante toda esta semana. Ontem à tarde teria ocorrido uma outra reunião sobre o assunto.
Por conta das objeções, o BNDES teria adiado de segunda-feira passada para a próxima o início das pesquisas. Segundo Borges, a Votorantim seria a primeira empresa a consultar o "data room".
Ontem, o presidente do BNDES encontrava-se fora do Brasil.

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