São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Casa de candidata do PT em Maceió é atingida por 26 tiros na madrugada

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

A candidata do PT à Prefeitura de Maceió, Heloísa Helena, teve a sua casa metralhada por volta de 1h30 de ontem.
A petista disse ter sofrido um atentado político. No momento, ela dormia com o marido. Os seus dois filhos estavam na casa de parentes.
"Na hora achei que o teto tivesse desabado", afirmou a candidata do PT em Maceió.
Foram disparados 26 tiros. Nove deles perfuraram a janela de madeira e vidro da frente da casa, resvalaram na parede da sala-de-estar e alcançaram outra parede a um metro do quarto do casal.
A sede do PT em Maceió também foi alvo de balas na mesma madrugada.
Duas balas de espingarda calibre 12, segundo apurações preliminares da Polícia Civil, perfuraram uma porta de aço, deixando buraco do tamanho de um punho.
Socialistas
A candidata do PSB, Kátia Born, e os seus aliados negaram qualquer envolvimento com o episódio, que ampliou ainda mais a tensão para a disputa na cidade.
Os socialistas disseram que não descartavam a possibilidade de o suposto atentado ter sido forjado por aliados políticos de Heloísa para fazê-la de vítima e beneficiá-la nas urnas.
"É importante que a polícia investigue tudo ainda hoje (ontem) para evitar o proveito político do caso", disse Kátia Born. "Lamentamos o ocorrido, que só estraga a festa democrática."
A candidata do PT disse que o suposto atentado é mais uma mostra da perseguição que sofre por denunciar o "sindicato do crime organizado" em Alagoas.
Sem citar diretamente o nome, ela ligou o episódio ao deputado estadual Francisco Tenório (PSB), com quem tem duelado verbalmente nos últimos dias da campanha eleitoral.
"Foi uma tentativa de intimidação feita por parte de gente que anda armada de metralhadora e espingarda calibre 12", disse Heloísa, chorando.
Debate
Na noite de terça-feira, em debate na TV Gazeta, a candidata do PT havia acusado Tenório de portar essas armas livremente.
O deputado do PSB, que tem feito críticas à petista, rebateu a acusação da candidata. "Ela armou isso (o suposto atentado) contra mim", disse.
Para o prefeito Ronaldo Lessa (PSB), que patrocina a candidatura de Kátia Born, o episódio pode ter sido obra de "políticos de direita", inconformados com a derrota nas urnas no primeiro turno.
"Temos uma disputa entre duas autênticas candidatas de esquerda", disse. "O rompimento com as velhas oligarquias incomoda a muita gente neste Estado."
Apoios
As duas candidatas, no entanto, têm, agora no segundo turno, o apoio de políticos tradicionais que representam as oligarquias às quais se refere o prefeito.
A Polícia Civil de Alagoas, com a ajuda da Polícia Federal, investigam o caso.
Até o início da noite de ontem, não haviam divulgado nenhum resultado das apurações solicitadas tanto pelo PT como PSB.

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