São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Candidato tucano tenta se afastar da imagem do governo Alencar

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Candidato do governador tucano Marcello Alencar à Prefeitura do Rio, o deputado estadual Sérgio Cabral Filho (PSDB) insistiu ontem, último dia de campanha, na estratégia de se desvincular publicamente da imagem de seu patrono, cujo governo atravessa problemas financeiros.
Na mesma data em que Alencar anunciou oficialmente não saber informar se o Estado pagará em dia o 13º salário dos funcionários, Cabral Filho recusou-se a analisar o problema ou qualquer questão da administração estadual.
"Não falo de assuntos estaduais, só do município", afirmou. "Tenho certeza de que o funcionário público estadual saberá diferenciar o fato de estarmos amanhã (hoje) decidindo o futuro da cidade do Rio de Janeiro. Assunto estadual deve ser tratado em 1998."
Cabral Filho não mudou de atitude nem quando perguntado sobre a possível influência benéfica, para sua candidatura, da entrega de novos carros à Secretaria da Segurança Pública, feita ontem por Alencar. "Volto a dizer: a questão estadual não está em jogo -nem os méritos, nem os defeitos."
As declarações do candidato do PSDB contrastam com a estratégia inicial de sua campanha de procurar vinculá-lo a iniciativas de sucesso da administração estadual.
Pesquisa
Pesquisa do Datafolha realizada ontem e anteontem confirma a vantagem do candidato do PFL, Luiz Paulo Conde, verificada nos levantamentos anteriores.
O pefelista tem 48% das intenções de voto, contra 30% do tucano. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Conde oscilou positivamente dois pontos percentuais em relação à última pesquisa, realizada há uma semana. Cabral Filho caiu um ponto. As duas variações, portanto, dentro da margem de erro.
Se considerados só os votos válido (descartando os brancos, nulos e as abstenções), Conde tem 62%, contra 38% de Cabral Filho.
Corpo-a-corpo
Cabral Filho e Luiz Paulo Conde fizeram corpo-a-corpo no último dia de campanha.
O tucano, à tarde, buscou votos na avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das que passaram por reformas urbanísticas do projeto Rio-Cidade -uma das principais bandeiras de Conde, ex-secretário municipal de Urbanismo.
Cabral Filho voltou a atacar o adversário. Sua assessoria distribuiu cópias da sentença do juiz Hélio Augusto Silva Assunção, de 20 de junho de 1996, que decretou a falência da empresa Number Four Confecções, da qual um dos filhos de Conde, Marcos Paes Fernandez Conde, era um dos sócios.
Durante corpo-a-corpo na praça Condessa Paulo de Frontin, na zona norte, Conde manteve atitude inversa à de Cabral Filho em relação ao patrono de sua candidatura, o prefeito Cesar Maia.
"Atribuo o bom desempenho de minha candidatura à boa aceitação do prefeito e ao apoio das pessoas, principalmente das crianças, que foi uma surpresa", disse.
Conde disse que o governador Marcello Alencar "está dando um vexame" com os problemas para pagamento do 13º salário. "Isso é uma situação caótica", afirmou.
Para ele, "o único interesse do governador Marcello Alencar nas eleições é pegar o dinheiro do município para resolver a incompetência do Estado".

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