São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Coquetel zera HIV em contágio recente

RICARDO AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro está recomendando aos médicos, por meio do novo boletim epidemiológico do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids do Ministério da Saúde, que o coquetel anti-Aids seja usado em casos de acidente com sangue contaminado em hospitais.
Segundo uma pesquisa do CDC (sigla em inglês para Centro para Controle de Doenças do governo norte-americano), o coquetel anti-Aids pode eliminar o vírus HIV do organismo. O índice de êxito é de 72% quando as drogas são administradas até duas horas após o contato com o sangue infectado.
O coordenador do programa do governo, Pedro Chequer, disse que a maior novidade do boletim divulgado ontem é o texto inicial, que explica os procedimentos a serem tomados nesses casos.
Ele disse que, antes, só o AZT era usado. "Com a associação de drogas (coquetel), conseguiu-se a diminuição da resistência do vírus aos medicamentos."
Apesar de esses acidentes serem raros, o ministério vai intensificar as campanhas de prevenção, com recomendações aos profissionais de saúde, principalmente durante o manuseio de agulhas e seringas.
Homens e mulheres
O boletim -referente a junho, julho e agosto- confirma ainda a tendência de a proporção entre o número de casos em homens e mulheres chegar a um para um.
O motivo, segundo Chequer, é o aumento da contaminação heterossexual e o consumo compartilhado de drogas injetáveis.
O boletim traz também os dados atualizados sobre a Aids no Brasil. No período de junho a agosto, foram notificados 5.507 novos casos. No anterior, referente aos meses de março a maio, foram 2.945.
Segundo Chequer, dos 5.507 casos, apenas 1.427 foram diagnosticados neste ano. "A notificação foi maior devido ao esforço do ministério para recuperar ocorrências, inclusive de óbitos."
Campeãs
As cidades campeãs de incidência de Aids são Itajaí (SC), com 545,1 casos por 100 mil habitantes, Balneário Camboriú (SC), com 469,7, e Santos (SP), com 462,8, todas cidades portuárias.
Em números absolutos, a cidade de São Paulo lidera, com 24.801 casos (28,2% do total do país), seguida por Rio, com 8.819 (10%), e Porto Alegre, com 2.377 (2,7%).
A forma de transmissão mais comum é a sexual (53%). O contágio entre heterossexuais passou de 6%, em 1990, para um terço das notificações em 96. O diagnóstico durante a gestação reduziu em dois terços a contaminação dos bebês.

O endereço do DST/Aids na Internet é http://www.aids.ms.gov.br. O e-mail é dstaids@aids.ms.gov.br. Há também o Pergunte-Aids (0800-61-2437).

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