São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Como senador, FHC quis evitar demissões

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quando ocupava o cargo de senador, o presidente Fernando Henrique Cardoso apresentou um projeto de lei que protegia os empregos ameaçados por mudanças tecnológicas nas empresas.
No início dessa semana, seu governo anunciou uma proposta diferente, que abre brechas para as empresas demitirem por motivos tecnológicos, com redução no custo da indenização.
O projeto do senador, de 92, considerava sem justa causa a dispensa devido à introdução de automação no processo produtivo.
A sugestão apresentada pelo Ministério do Trabalho do governo de FHC propõe exatamente o contrário: as demissões provocadas por motivos tecnológicos são consideradas não-arbitrárias, ou seja, são justificáveis.
O texto do senador foi aprovado pelo Senado e hoje está parado na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.
A então deputada Irma Passoni (PT-SP), relatora do projeto na comissão, apoiou a idéia, mas o texto não foi votado até hoje.
No caso das empresas que adotassem programas de automação, a sugestão do senador era a criação de uma comissão paritária para negociar medidas que reduzissem os efeitos negativos ao emprego.
Essas medidas seriam de reaproveitamento dos empregados na empresa, com processos de readaptação, treinamento etc., além de programas de recolocação.
Outro critério era o tratamento privilegiado para os empregados mais idosos no processo de reaproveitamento e realocação.
Na proposta apresentada às centrais sindicais e entidades patronais nesta semana, o governo muda o cálculo da indenização trabalhista e sugere redução nas multas para as demissões motivadas.
Ouvida pela Folha, a assessoria do Palácio do Planalto informou que seria necessário pesquisar no Senado o teor do projeto apresentado por FHC antes de um comentário sobre o assunto.
Protestos
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, disse ontem que vai entrar com uma queixa na OIT (Organização Internacional do Trabalho) contra a decisão do governo de cancelar sua adesão à Convenção 158, que trata das demissões imotivadas.
A CUT está programando fazer um acampamento com 300 desempregados em Brasília nos próximos dias.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT), Luiz Marinho, prevê que as categorias menos organizadas terão prejuízo maior com as novas regras de indenização.

Colaborou a Agência Folha, no ABCD

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