São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Artistas colhem os frutos do 'Antarctica'

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Abertura de novos espaços para exposição, contato com curadores, críticos e galeristas do Brasil e do exterior, venda de trabalhos, repercussão na mídia e no mercado de arte.
As previsões iniciais da mostra "Antarctica Artes com a Folha" -em cartaz até domingo no Ibirapuera, em São Paulo- ultrapassaram as perspectivas iniciais do projeto: a descoberta e inclusão de novos valores das artes plásticas no mercado.
"Esses artistas tiveram a oportunidade única de estar em uma exposição visitada por pessoas fundamentais da área, como Catherine David, curadora da Documenta de Kassel. Isso abriu campos antes inimagináveis, como a oportunidade de Marepe expor em Berlim ou Rivane Neuerschwander mostrar seu trabalho em uma das mais renomadas galerias de Londres", disse Isabella Prata, da equipe de coordenação do projeto.
"Todo o Brasil ganhou com o projeto, seja por meio da revelação de 62 jovens artistas ou pelo interesse de investimento despertado em outras empresas", completou.
Grande parte dos artistas já está com mostras programadas para o ano que vem. Adrianne Gallinari, por exemplo, tem uma individual em janeiro e participará de uma coletiva este mês, ambas em Belo Horizonte. "O retorno foi muito bom, mesmo em vendas. É como se as coisas estivessem para acontecer e o 'Antarctica' tivesse acelerado o processo", disse a artista.
Rosana Monnerat, que tem uma individual programada na Casa Triângulo no próximo semestre, foi muito procurada por críticos e vendeu uma série inteira de gravuras para uma mesma pessoa. "Isso nunca havia acontecido", disse.
Os trabalhos não estão à venda, mas as pessoas interessadas podem entrar em contato diretamente com o artista. A organização do projeto auxilia os contatos.
Keila Alaver teve os dois trabalhos expostos vendidos e só não vendeu mais pois seus outros trabalhos estavam em uma mostra em Londrina. "Muitas pessoas se mostraram interessadas em meu trabalho, mas eu ainda estou muito no começo e não tenho tanta coisa para mostrar", disse. A artista ainda não tem galerista, mas vem sendo sondada por Luisa Strina e Casa Triângulo.
Quem também vendeu todos os trabalhos da mostra -desenhos- foi o goiano Marcelo Solá, sendo que três deles para Dan Cameron, curador do New Museum of Contemporary Art, em Nova York, e membro do júri internacional do projeto. "Vendi ainda trabalhos que não estavam ali", disse Solá, que participa de coletiva em São Paulo em abril e de individual em Brasília em junho.
O New Museum of Contemporary Art terá também trabalhos do pernambucano Efraim Almeida, que vendeu um trabalho para um colecionador de Los Angeles.
Outra artista que teve que abrir as portas de seu atelier para atender a procura foi Mônica Rubinho. "Alguns dos trabalhos expostos já pertenciam a colecionadores, outros foram vendidos e só me sobrou um. Além disso, outras pessoas se interessaram e foram comprar em meu atelier", disse Rubinho, que vai participar de uma coletiva em Belém, em março. Outra artista, Raquel Garbelotti, também participa da mostra.
A fotógrafa Flavya Mutran, de Belém, está com exposições programadas para João Pessoa e Belém no próximo semestre. Além dos muitos contatos com pessoas da área viabilizados com o projeto "Antarctica", Mutran destaca a abertura de novos espaços para seu trabalho.
Além disso, Mutran foi outro sucesso de vendas do projeto. "Vendi todos os meus trabalhos logo na abertura da mostra, e isso viabilizou meus próximos trabalhos."
Além da venda de muitos de seus desenhos, João Carlos Lima, o Lobão, de Florianópolis, destacou ainda a repercussão de seu trabalho junto aos meios de comunicação de seu Estado.

Mostra: Antarctica Artes com a Folha
Onde: pavilhão Manoel da Nóbrega (portão 10 do parque Ibirapuera, zona sul) Quando: até domingo, das 14h às 21h
Entrada: grátis

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