São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Flórida vive nova onda de tumultos

Justiça livra policial

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Dois policiais foram feridos na madrugada de ontem em St. Petersburg, Flórida, Costa Leste dos EUA, durante tumultos raciais que se seguiram à decisão da Justiça de não processar outro policial que matou um rapaz negro em 24 de outubro último.
Os danos foram menores do que os registrados após a morte de Tyron Lewis, 18, atingido por um tiro do policial Jim Knight, que o perseguira pelas ruas da cidade.
Um júri federal decidiu que Knight atirou em legítima defesa depois que Lewis avançou com seu carro contra ele. Algumas testemunhas afirmaram que o automóvel apenas deslizara e que o policial nunca correu risco de ser ferido.
Knight ainda pode ser processado pelo governo federal por violação dos direitos civis de Lewis. O Departamento da Justiça ainda não decidiu se vai processá-lo.
Em incidente similar, em 1992, em Los Angeles, quatro policiais brancos que espancaram um motorista negro foram processados pelo governo federal após terem sido absolvidos em corte estadual. Dois foram condenados por violação dos direitos civis do motorista.
Ontem, como em 24 de outubro, ocorreram saques, incêndios e violência indiscriminada de negros contra brancos. Um dos policiais feridos estava em helicóptero. Dezenas de pessoas foram presas.
Durante o dia, a situação permaneceu calma no bairro negro da cidade, onde ocorreram os distúrbios. Mas temia-se que mais confusão poderia acontecer durante a madrugada. Tropas da Guarda Nacional não chegaram a ser colocadas nas ruas, como em outubro.
Toda a polícia da cidade, uma das maiores da costa do Golfo do México da Flórida, continua em estado de prontidão.
Em Pittsburgh, Pensilvânia, Costa Leste, outro policial branco foi absolvido da acusação de homicídio de um motorista negro.
John Vojtas estrangulou Johnny Gammage em 12 de outubro de 1995, após o ter perseguido pela cidade. Gammage dirigia um Jaguar pertencente a seu primo, um jogador de futebol americano.
O júri que absolveu Vojtas era composto apenas por pessoas brancas. A defesa usou o argumento de que o policial estava tentando impor a lei. Líderes da comunidade negra haviam classificado o episódio de "linchamento". Vojtas estava com cinco policiais ao abordar Gammage.
Entidades negras protestaram contra a seleção dos jurados e o veredicto, mas não houve protestos de ruas após sua divulgação.

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