São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Combates recomeçam no país

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Intensos combates entre rebeldes tutsis e milicianos hutus ocorreram ontem na região de Goma, principal cidade que concentra refugiados ruandeses na região leste do Zaire.
Tiros de morteiro, artilharia antiaérea e rajadas de metralhadora atingiram os arredores do campo de Mugunga, a 10 km de Goma.
Jornalistas foram mantidos distantes da zona de conflito, mas a maioria dos disparos aparentemente partiu dos rebeldes tutsis.
Cerca de 800 refugiados chegaram ontem de barco a Goma. Além dos confrontos, eles relataram casos de cólera entre tutsis e hutus a oeste da cidade.
A área de Mugunga concentra, segundo estimativas de organizações humanitárias, 400 mil refugiados hutus, que estão cercados por rebeldes tutsis. O local é considerado hoje o maior campo de refugiados do mundo, com infra-estrutura precária.
Os campos são controlados por milicianos hutus e ex-membros do Exército de Ruanda, que deixaram o país após a derrota da etnia na guerra civil ruandesa.
Os hutus, que temem represálias e condenações judiciais se retornarem a Ruanda, impedem que os refugiados voltem ao país.
Os hutus são acusados pelo genocídio de cerca de 1 milhão de tutsis durante a guerra civil entre as etnias.
Um líder dos rebeldes tutsis disse ontem ser contra a instauração de uma missão internacional que não possa separar os extremistas hutus dos refugiados.
O comandante tutsi Laurent Kabila considerou "inútil" uma força de paz que não tenha poder de atuar contra os radicais hutus.
Funcionários de organizações humanitárias acreditam que a missão vai fracassar se os milicianos continuarem com trânsito livre entre os refugiados, usados como escudo humano.
Os rebeldes e os líderes tutsis de Ruanda e Burundi temem que os hutus acabem sendo protegidos pela força de intervenção, não permitindo o retorno dos refugiados aos seus países de origem.
Mortes
Soldados do Zaire dispararam contra um cinegrafista da agência "Reuter" no aeroporto de Kisangani, matando duas pessoas que passavam pelo local.
O belga Marc Hoogsteyns não foi atingido. O cinegrafista foi agredido por autoridades locais, interrogado e liberado em seguida. Uma emissora belga diz que 40 cidadãos do país foram feitos reféns.

Texto Anterior: Brasil anuncia envio de tropa ao Zaire
Próximo Texto: Espanha aceita entrar no comando da Otan; Americano invade Ford e fere um a bala
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.