São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996 |
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Fidel deve se encontrar com o papa hoje
LUCIA MARTINS
O Vaticano ainda não confirmou a visita, mas ontem a assessoria de imprensa da FAO -o órgão das Nações Unidas para alimentação e agricultura, que faz uma conferência em Roma até domingo- afirmava que o encontro é certo. A chegada à cidade do presidente cubano estava marcada para as 20h30 de ontem. Não foi divulgado onde ele ficará hospedado durante as quatro noites em que estará na Itália, mas Fidel vai passar uma noite em um mosteiro franciscano na cidade de Assis. O encontro de João Paulo 2º com Fidel faz parte da estratégia chamada pela própria Igreja Católica de "transição polonesa", uma tentativa de pressionar Cuba no caminho da democratização. Esse tipo de pressão que o papa, que é polonês, exerceu em seu país é considerado um fator-chave na queda do comunismo. Anteontem, o papa recebeu no Vaticano um grupo de 60 exilados cubanos. Segundo eles, João Paulo 2º disse que "reza sempre por Cuba". Além disso, no discurso que abriu a conferência da FAO, o papa mencionou os países que sofrem com embargo e afirmou que a comunidade internacional deveria fazer alguma coisa para ajudá-los. Cuba está sob embargo comercial imposto pelos Estados Unidos há 33 anos. Como geralmente o papa costuma receber seus convidados no Vaticano entre 11h30 e 13h, o encontro com Fidel deve ocorrer nesse horário. No final do mês passado, um secretário do Estado do Vaticano visitou Cuba. O objetivo foi acertar detalhes da reunião. O próximo passo após a conversa dos dois seria a ida de João Paulo 2º a Cuba no ano que vem -a primeira vez que um papa visitaria o país desde a revolução. Cuba seria incluída no roteiro da viagem que João Paulo 2º planeja fazer em outubro de 1997 à América Latina (o Brasil incluído). Hoje, o presidente cubano faz um discurso na sede da FAO às 15h. No final da tarde, Fidel deve fechar a programação do dia com uma entrevista coletiva. Até o domingo, o presidente cubano ainda se encontrará com o presidente italiano, Oscar Luigi Scalfaro, com o primeiro-ministro, Romano Prodi, e com membros do PDS (Partido da Esquerda, ex-comunistas). Por fim, Fidel ainda teria uma reunião com o dono da Fiat, Giovanni Agnelli. Texto Anterior: Juiz da Mãos Limpas se demite do governo; Presidentes da Bósnia fazem acordo em Paris; Acordo sobre Hebron pode demorar mais; Indiano se imola em ato contra Miss Mundo; Barco com tchecos afunda no rio Nilo; Morto testemunha do assassinato de Shakur Próximo Texto: Um cara legal; Pensem nos vizinhos; Turismo; Problema de língua Índice |
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