| São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996 |
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Candidata critica FHC
EMANUEL NERI
Folha - O que contribuiu para esse quadro adverso? Luiza Erundina -Primeiro, tivemos uma dificuldade enorme de recursos. Segundo, o prefeito fez campanha durante quatro anos. Gastou uma fábula em publicidade para promover seu candidato. Praticou assistencialismo, cooptou a população mais pobre. Infelizmente, o estágio de politização da população ainda não consegue resistir a essa política. Folha - A sra. responsabiliza o presidente por essa confusão no episódio do documento sobre as letras do tesouro municipal? Erundina -Com certeza, ele (FHC) desrespeitou o Senado. O senador Suplicy o procurou repetidas vezes nesses últimos dias e ele nada fez para viabilizar essa informação. Não era para o PT, era para a cidade de São Paulo, para o país. Isso arranha a imagem do presidente porque ele faltou com um direito democrático da sociedade face a indícios muito graves de desvio de recursos públicos. Folha - Essa conduta não cabe algum tipo de iniciativa para responsabilizá-lo judicialmente por isso? Erundina -Nossa assessoria jurídica vai examinar isso. Nossa bancada no Congresso, também. Se nada tinham a dizer que não incriminasse alguém, por que não veio essa informação há mais tempo e por que esconderam esse relatório? Folha - Isso fazia parte de um plano para beneficiar o candidato malufista? Erundina -Quando surgiu essa denúncia no primeiro turno havia um candidato do partido do presidente. Então interessava na ocasião que essa informação viesse a público. Como esse candidato não disputou o segundo turno, os compromissos democráticos que o presidente diz ter os obrigam a ter divulgado essas informações há tempo. Eu pergunto: se no segundo turno não estivesse eu, mas sim o Serra, essas informações teriam ou não vindo em tempo para a opinião pública analisar? Folha - O que a sra. espera do governo Celso Pitta? Erundina -Não espero nada, a não ser essa desgraça que está aí, que são privilégios para a minoria e sacrifícios para a maioria. E pior: ele vai ser pau-mandado do Maluf. Não tem autonomia, não tem independência. Não é ele que vai mandar. É o Maluf. Folha - A sra. acha que foi a vitória da falta de ética? Erundina -Com certeza. Infelizmente, a opinião pública não foi sensível aos dados, às denúncias consistentes e comprovadas que fizemos em relação ao superfaturamento de pelo menos uma das obras. É preocupante que uma sociedade, que fez um movimento pela ética na política, que tirou um presidente corrupto, seja tão permissiva diante de um governo comprovadamente corrupto, imoral e sem ética. Texto Anterior: Petista articula oposição Próximo Texto: Petista tem os votos de José Serra e Mário Covas Índice |
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