São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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Petista articula oposição

ANA MARIA MANDIM
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiza Erundina se dedicará a montar um fórum com a participação de setores dos partidos que a apoiaram. Seu objetivo é articular a oposição ao malufismo e organizar uma frente de centro-esquerda alternativa ao neoliberalismo.
São planos para o futuro próximo -o fórum se reunirá na semana que vem- e ainda não discutidos com o PT. Ela os anunciou ontem de manhã, após votar, traindo o discurso que mantinha até então de não admitir "em absoluto" a derrota frente a Celso Pitta "antes da apuração da última urna".
Anteontem, em um primeiro lapso, disse que ficaria "vigilante" em relação a Maluf e "seu preposto (Pitta)" e não deixaria "barato" o desvio de verbas para creches, hospitais, escolas, transporte coletivo e moradia popular.
A aparência de cansaço de Erundina nos últimos dias não revelou decepção com o previsível resultado das urnas. Ontem, às 9h, foi ao café-da-manhã oferecido por seus vizinhos de prédio.
Antes de votar, comparou seu comportamento quando prefeita (1989/92) -"continuo vivendo no mesmo apartamento, não desviei um tostão dos cofres públicos e não fiz favor nisso"- com "o alentado currículo policial" de Pitta, "apesar de novo na política".
A petista voltou a falar das operações feitas por Pitta em 1993 com Letras do Tesouro Municipal, da denúncia de sonegação de Imposto de Renda contra seu adversário, da suposta isenção do ISS para as empresas de outdoor e do suposto superfaturamento de R$ 38 milhões na construção de túneis.
Erundina afirmou que a imagem do presidente Fernando Henrique Cardoso sai "arranhada" pelo fato de o Banco Central não ter entregue ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) cópia do documento sobre a investigação das operações com Letras do Tesouro Municipal. "O senador Suplicy foi desrespeitado", disse a petista.
Ao sair do local de votação, Erundina foi abraçada pelo presidente nacional do PT, José Dirceu, que chegou a chorar.
Dirceu disse que passou mal anteontem à noite e o médico diagnosticou estresse. O presidente do PT afirmou que qualquer crítica a Erundina pela campanha estará sendo dirigida a ele também.
Dirceu foi um dos que censuraram Erundina pela exibição de imagens de FHC no programa eleitoral do PT. Ontem, ele disse que a crítica era para FHC, não para a candidata.

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