São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consultor diz que a Ásia vai dominar o mercado

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A globalização transformou em ferramenta de negócios as informações em tempo real. E em milionária fonte de renda a projeção desses dados em cenários mais amplos: as megatendências.
Esse filão tem sido bem explorado por John Naisbitt, consultor que lançou em 1982, nos EUA, o livro "Megatendências", um best seller, com 8 milhões de exemplares. Em 1990, Naisbitt repetiu a dose em "Megatendências 2000", escrito com sua mulher, a jornalista e pesquisadora Patricia Aburdene.
Naisbitt volta às livrarias com "Megatendências Ásia", prevendo que ela "se tornará a região dominante do mundo: em termos econômicos, políticos e culturais".
Essa conclusão não estava tão bem delineada assim na obra anterior, escrita há apenas seis anos. A rigor, um intervalo curto para quem lida com megatendências.
Naisbitt conhece bem a Ásia. Mas a principal fonte do novo livro são informações publicadas entre 1993 e 1995 em jornais e revistas. Nada a que um bom navegador de Internet não tenha acesso.
O mérito de Naisbitt é organizar essas informações, consolidando semelhanças e diferenças de uma região em rápida transformação.
"A modernização da Ásia não deve ser encarada como a 'ocidentalização' da Ásia, mas como sua modernização 'à maneira asiática"', diz Naisbitt.
Ele prevê que a rede de chineses no exterior -e não a China- é que dominará a região asiática. E aconselha a quem quer fazer negócios na Ásia encontrar no exterior um chinês para sócio.
O Leste Asiático está substituindo o Japão como propulsor da florescente economia da região. No Sudeste e no Sul asiáticos, onde se fala o inglês, a influência ocidental teve um impacto posterior, mas bem maior. "O maior benefício do legado ocidental na Ásia é a língua inglesa", diz Naisbitt.
Uma nova e gigantesca classe média está sendo criada na Ásia. Ali, onde comprar a crédito já foi considerado vergonhoso, o cartão de crédito introduz uma nova era.
Budistas usam notebooks. Em Hong Kong, uma em cada 20 pessoas tem celular. Já na Índia, com menos de um telefone por cem pessoas, a telefônica estatal emprega mais de 500 mil pessoas.
As multinacionais ainda obtêm mão-de-obra barata na região. Mas as múltis asiáticas querem especialistas em administração. São oportunidades para os ocidentais desempregados.
Uma nova geração de mulheres, inclusive filhas de abastados chineses no exterior, está assumindo o controle das empresas da família. Embora mulheres gerentes ainda sejam raras nas grandes empresas no Japão, elas estão abrindo pequenas e médias empresas.
Naisbitt comete equívocos. Na edição brasileira, diz que "os imigrantes chineses criaram empregos e geraram maiores rendas em certas cidades do Brasil, como Acarapé, perto de Fortaleza".
Quem conhece bem aquele mercado não aposta numa megatendência: seriam apenas confecções que recorrem à velha e conhecida fórmula da mão-de-obra barata.

Texto Anterior: Comércio vende menos
Próximo Texto: Preço de eletrônico varia 35% nas lojas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.