São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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SP recebe as pecadoras de Verdi

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

No romance original francês ela se chamava Marguerite Gautier. Tornou-se Violetta Valéry na adaptação operística italiana. E é, ainda hoje, um dos mais belos e verossímeis personagens da ficção do século 19.
Violetta é "La Traviata" (a pecadora, a transviada), de Giuseppe Verdi (1813-1901), adaptada por Francesco Maria Piave (1810-1876) do romance "A Dama das Camélias", best seller do romantismo, publicado por Alexandre Dumas, filho (1824-1895).
Uma nova montagem da ópera estréia segunda-feira no Teatro Municipal de São Paulo. A direção musical das seis récitas será de Jamil Maluf. E a direção cênica, de Jorge Takla.
A cortesã Marguerite/Violetta integra a antologia literário-musical de seu tempo com informações rigorosamente inúteis.
Um exemplo: ela teria sido inspirada num personagem real que Dumas conhecera em Paris. Outro: Verdi fora com ela condescendente porque, na estréia (1853), temia pelo desfecho da enfermidade de sua amante, Giuseppina Strepponi, também ex-cortesã, sustentada por um empresário de nome Merelli, a quem dera um filho.
Na história pessoal do próprio Verdi, "La Traviata" foi marcada pelo fracasso comercial da primeira montagem, em Veneza.
Não apenas porque desagradava o público burguês que um enredo que lhe era contemporâneo desvendasse seu gosto pela alta prostituição. Mas também porque a soprano que pela primeira vez encarnou Violetta não convencia, por sua transbordante obesidade, que morreria de tuberculose ao final do terceiro ato.
Não é um risco da atual montagem. As duas sopranos que se revezarão no papel -a italiana Giuzy Devinu, 36 (dias 18, 21 e 24), e a brasileira Rosana Lamosa, 33 (dias 20, 23 e 26)- são jovens, bonitas e grandes atrizes.
A Folha entrevistou as duas cantoras. Cada uma dá sua visão sobre o personagem da dupla Dumas-Verdi. Serão duas Violettas diferentes, que por certo multiplicarão as ambiguidades que enriquecem "La Traviata" como um dos mais bem construídos dramas psicológicos da ópera italiana.

Ópera: La Traviata, de Giuseppe Verdi
Produção: Patronos do Municipal
Quando: dias 18, 20, 21, 23, 24 e 26, às 20h30; e 24, às 17h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 011/222-8698)
Quanto: ingressos de R$ 5 a R$ 40

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