São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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Novo tributo a Arnaldo inclui inéditas

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O maldito popular brasileiro Arnaldo Baptista está de volta. Desta vez, em um CD tributo gravado por 16 novas bandas de Brasília, que inclui cinco composições inéditas do ex-integrante do grupo de rock Mutantes, com Rita Lee e Sérgio Dias.
O disco "Onde É que Está Meu Rock'n'Roll?", inteiramente gravado na capital federal, já foi masterizado, mas só duas cópias foram prensadas.
Nenhuma gravadora se dispôs a comercializar o trabalho até o momento.
Ainda assim, quem ouviu as cópias em cassete que circulam em Brasília tem a mesma opinião que Arnaldo: "É um tributo que arrepia", disse à Folha, por fax, de sua casa em Juiz de Fora (MG), onde mora há dez anos.
Arnaldo Baptista, que afirmou concordar com a opinião do maestro Rogério Duprat de que "nada aconteceu que superasse a obra dos Mutantes", agora se dedica mais à pintura de camisetas, mas pretende retornar ao mundo do showbizz.
"Tenho planos de fazer um 'pocket show' vinculado a uma exposição com meus trabalhos de artista plástico", disse.
"Pinto camisetas, uma a uma, e elas estão sendo vendidas por várias lojas".
Coisa de fã
Com um quê dos antigos festivais da canção -como aquele em que Arnaldo, seu irmão Sérgio e Rita Lee acompanharam o cantor e compositor Gilberto Gil em "Domingo no Parque"-, o disco une rock'n'roll a baladas e funks psicodélicos.
"É coisa de fã", define o produtor do tributo, Mário Pacheco, dublê de funcionário público e escritor (é autor de uma biografia de Arnaldo).
Ele tirou cerca de R$ 7.000 do próprio bolso para realizar o "sonho" de gravar o disco "com os amigos".
Entre os amigos, pelo menos uma banda já tem projeção nacional, Little Quail and the Mad Birds, atualmente responsável pela abertura dos shows dos também brasilienses Raimundos.
A gravação do Little Quail para a inédita "Sr. Empresário" emocionou Arnaldo Baptista, que elogiou a performance do baterista Bacalhau.
Explica-se: tentou-se recriar o mesmo timbre de bateria obtido em estúdio pelo antigo grupo pós-Mutantes de Arnaldo, Patrulha do Espaço.
O ex-mutante definiu ainda como "incrível" a versão para o inglês pela banda Cálice de um dos maiores sucessos dos Mutantes: "Balada do Louco" (1972), agora rebatizada de "Madman's Lullaby".
Mas uma das maiores surpresas para Baptista foi a gravação, pelo tecladista Bruno Wambier, de uma partitura original escrita por ele aos sete anos de idade, "Dança de um Novo Tempo", exibida por sua mãe no livro "Miniaturas" (Musicália, 1976).
Tacape
Entre as canções inéditas, destaca-se a letra de "Navio de Loiras", também conhecida como "Tacape", que Arnaldo apresentou em 1981 em um show em São Paulo, mas nunca foi gravada em disco. No CD, ganha versão do grupo Athena.
Há ainda as versões do Nata Violeta para "Sexy Sua", do Pravda para "Imagino a Minha Morte", um funk psicodélico, e do Pinturas da Alma para "Senhor F" (1968), a mais "mutante" entre as gravações incluídas no novo disco-tributo.
"Jesus Come Back to Earth", escrita originalmente em inglês por Arnaldo Baptista, ganhou uma excelente versão à Velvet Underground pela anglófona banda Low Dream.
Os pontos baixos ficam por conta do Bootnafat, que não consegue dar roupagem nova à já batida "Ando meio Desligado" (1970), e da chata "Garupa" (1981), já um tanto parecida com "Nosso estranho amor" e que Célia Porto faz parecer ser mesmo de Caetano Veloso.

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