São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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Roupa tem crochê, juta e sementes

ERIKA PALOMINO
DA ENVIADA ESPECIAL

Formada em Belas Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais e estudante de estilismo do primeiro ano, Angélica de Oliveira sequer esperava ser selecionada para a final nacional: "Há dois anos mandava meus desenhos para o Smirnoff e nunca havia sido escolhida", contou.
Depois do resultado, atarantada com o assédio da mídia internacional, repetia: "Foi sorte".
Sorte de vencedores, talvez. Mas talento também. Seu cuidadoso desenho teve boa execução em crochê, juta e sementes, numa roupa que revela estratégicas áreas do corpo da modelo.
O ponto de partida é a Mãe d'água, personagem do folclore que é a moça bonita presa por um rei negro no fundo do rio São Francisco que canta nas noites de luar, transformando suas amarras em vestes.
Um traje feminino, sensual e poético, desfilado com excelência pela modelo Cássia Ávila na final brasileira. Em Toronto, Angélica não conseguiu um bom casting: as três modelos eram inadequadas ao tipo pedido pela roupa e uma delas chegou a tropeçar. Ao final, na hora de receber o prêmio, todas já haviam até tirado os vestidos e Angélica apareceu sozinha na passarela.
Em seu discurso, depois do concurso, declarou: "Por sermos um país colonizado, temos síndrome de escravidão. Muitos estilistas no meu país são acusados de copiar criadores do Primeiro Mundo. Quero provar com meu trabalho que pode existir cultura de moda no Brasil, sim".
(EP)

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