São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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Polytheama renasce em dezembro

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No próximo dia 13 de dezembro, o mito do eterno retorno se concretiza no interior de São Paulo.
Nessa data, será reinaugurado o Teatro Polytheama de Jundiaí (60 km de São Paulo), construção de 1911 que se destinava a vários tipos de espetáculos (leia texto ao lado) e que foi fechada nos anos 70.
Depois de amargar quase duas décadas de abandono, o teatro renasce de um projeto de restauração realizado pela arquiteta Lina Bo Bardi nos anos 80.
Por falta de financiamento, a reforma foi paralisada. Há cerca de dois anos, a Prefeitura de Jundiaí, com apoio do governo federal, retomou a obra, agora coordenada pelos arquitetos Marcelo Ferraz, Francisco Fanucci, Marcelo Suzuki e André Vainer.
"Esse conceito de teatro do começo do século é igual ao do atual, em que há união de vários estilos. Um teatro moderno deve estar preparado para essa mistura, como o Polytheama, que volta finalmente a funcionar", disse Ferraz, em entrevista à Folha, em Jundiaí.
Junto com a inauguração, será lançado um livro contando a história do local e com direção de arte do arquiteto Victor Nosek.
O governo de Jundiaí ainda não definiu a programação para o dia do evento.
Cia. de Jundiahy
Restam poucos registros sobre a história do Teatro Polytheama de Jundiaí.
Construído em 1911, pertencia à Cia. Jundiahy de Theatro e era apenas um galpão sem qualquer tipo de ornamento.
Segundo uma reportagem de 1920 de um jornal local, dos 214 teatros existentes no Estado de São Paulo, era considerado o maior, com 2920 lugares.
Em 1928, passou por uma grande reforma, que ampliou o prédio para dois andares e lhe deu um aspecto um pouco mais pomposo.
"A obra foi inaugurada com cinco dias de festas e apresentações de diversos artistas", afirmou Nosek.
As informações estão registradas em cartazes da época, guardados no Museu Histórico de Jundiaí.
Decadência
Depois de quase três décadas de sucesso, com exibição de filmes e espetáculos teatrais, o Polytheama começa a entrar em um período de decadência.
"O surgimento da TV, mais a destruição de parte do edifício para a instalação da enorme tela do cinemascope, foram os principais motivos para seu fim", explicou o historiador Geraldo Barbosa Tomanik.
Com a retomada do projeto de Lina Bo Bardi, o Polytheama de Jundiaí ganha vida nova.
A reforma consumiu oito meses de trabalho e teve custo de R$ 3,2 milhões. Revestido de madeira clara e pintado de azul, tem capacidade para 1200 pessoas.
A arquitetura atual mescla o moderno e o antigo: "É como uma jóia. Deixamos parte das características originais, como a estrutura do teto, e colocamos coisas novas, como as portas prateadas", disse o arquiteto Marcelo Ferraz.
Para completar, haverá uma instalação, em forma de lustre, do artista plástico José Roberto Aguilar.
A obra, intitulada "365 dias", é composta de 365 bastões de vidro de 2,60 m de comprimento, que ficarão suspensos no teto.
"Esse teatro é a ponta de lança da arquitetura brasileira, a revitalização do presente com a incorporação do passado. O Polytheama finalmente renasce das cinzas", declarou Aguilar.

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