São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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ONU autoriza o envio da força multinacional

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Após afirmar ainda ser "extremamente necessária" uma força multinacional no leste do Zaire, o Conselho de Segurança da ONU autorizou o envio de tropas à região.
O envio da força multinacional ainda estava nos planos da ONU apesar da volta de grande parte dos refugiados para Ruanda.
O embaixador do Reino Unido na ONU, John Weston, disse que haviam sido feitas apenas pequenas mudanças no texto original da resolução, que circulou entre os membros no Conselho de Segurança anteontem à noite.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, reafirmou ontem que o país vai mandar soldados para a região.
O Canadá, que vai liderar a força multinacional no Zaire, disse que o plano vai continuar o mesmo apesar do retorno dos refugiados.
"Com certeza, isso não significa um fim para a crise", disse Leslie Swartman, porta-voz do governo.
A ONU também reiterou a necessidade da força. "Vamos precisar de uma grande ajuda para movimentar essas pessoas", disse Sylvana Foa, porta-voz do órgão.
Pessimismo
O embaixador de Ruanda nas Nações Unidas, Gideon Kayianamura, disse que a força da ONU "já não tinha importância".
"Agora que milhares estão fugindo para Ruanda, não seria prematuro que o Conselho de Segurança aprovasse uma resolução que poderia se tornar irrelevante nas próximas 12 horas?"
O objetivo da força multinacional no Zaire é garantir o acesso das agências humanitárias à região, ajudar na entrega do socorro às vítimas e garantir a volta dos refugiados a Ruanda e Burundi.
A sua permanência está prevista para até 31 de março de 1997, podendo continuar depois.
Custos
O custo da força deve ser pago pelos próprios países que fazem parte dela. A ONU prometeu um fundo para garantir a presença de países africanos, como a Etiópia.
Já confirmaram a participação na tropa os EUA, a Espanha, a Etiópia, a África do Sul, o Reino Unido e o Brasil, entre outros.
O êxodo de refugiados para o leste do Zaire torna mais fácil a missão da ONU e a dos grupos de ajuda internacional também.
Os próprios refugiados, sem ajuda da comunidade internacional, abriram um corredor da região dos campos até Ruanda.
Para os que fugiram, será ainda mais fácil ter a ajuda -eles a receberão em Ruanda. O acesso aos outros também ficou mais fácil.
O primeiro-ministro do Reino Unido, John Major, pediu ontem que os soldados britânicos tenham direito de atirar se necessário.
"As tropas britânicas têm o direito de se defender", afirmou.
O mandato da força não prevê especificamente que os soldados possam atirar, mas garante os "meios necessários"para a obtenção dos seus objetivos.
Os primeiros 43 soldados britânicos chegaram ontem para uma missão de reconhecimento.

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