São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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A DÍVIDA DE PITTA

Mal se confirmou a sua eleição para prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PPB) repetiu que será um "continuador" da gestão Paulo Maluf. Como tática e retórica de campanha, essa frase funcionou, como demonstra o resultado. Mas é absolutamente insuficiente para definir o que fará Pitta quando assumir a prefeitura.
Ser continuador de Maluf significa manter a prioridade para o transporte individual sobre o coletivo? Se for, é um mau sinal: os túneis e viadutos inaugurados pelo atual prefeito nem sequer foram capazes de aliviar o tormento do trânsito.
Ser continuador de Maluf significa continuar endividando a prefeitura? Há evidentes sinais de exaustão desse processo. Sinais, aliás, contidos no próprio projeto de orçamento para 1997, que reserva cerca de R$ 900 milhões para pagar juros da dívida, mais do que o previsto para educação e habitação, por exemplo.
Sinais emitidos igualmente pela paralisação de obras da prefeitura, que foram tocadas em três turnos até a primeira fase da eleição, com os custos adicionais inevitáveis.
Ser continuador de Maluf significa ampliar o PAS (Plano de Atendimento à Saúde)? Sem entrar no mérito do plano em si, é fundamental, nesse caso, esclarecer de onde virão os recursos, dado que o plano, sabidamente, é caro. Pitta alega que saúde custa de fato muito, mas que uma cidade como São Paulo não pode resignar-se a oferecer atendimento de "segunda classe" a seus habitantes.
Fácil de falar, mas difícil de compatibilizar com a carência de verbas que é uma realidade inescapável de todo o setor público brasileiro.
Ser continuador do prefeito Paulo Maluf representa ampliar o Cingapura ou manter o projeto habitacional apenas como uma fachada, para aproveitamento eleitoral?
O prefeito eleito deve ainda mais respostas sobre outros temas, como o polêmico projeto do "Fura-Fila". A partir de agora, é inaceitável que a única resposta seja declarar-se continuador de Paulo Maluf.

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