São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Executiva do PT começa a discutir as causas do fracasso no segundo turno

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de amanhã, o PT começa a discutir os motivos de seu fracasso no segundo turno. Das 11 prefeituras disputadas, conseguiu ganhar apenas duas -Belém (PA) e Caxias do Sul (RS). A discussão ocorrerá em reunião da executiva.
A derrota mais sentida foi nas capitais. O PT ganhou apenas uma das sete que disputou. Em São Paulo, perdeu as três prefeituras que disputava -Ribeirão Preto, Santos, além da capital. O primeiro caso foi surpresa absoluta.
No início da noite de anteontem, a direção do partido lamentava a falta de sorte em muitas dessas disputas. Houve casos, como em Campo Grande, onde o partido perdeu por 411 votos, em um colégio eleitoral de 345 mil eleitores.
As derrotas também foram por diferenças muito pequenas em Ribeirão Preto (1.500 votos), Maceió (4.300), Pelotas (6.000), Santos (7.300), Natal (8.800), Aracaju (12,4 mil) e Florianópolis (12,5 mil). São cidades com eleitorado entre 250 mil a 350 mil.
Esquerda ou direita
Um outro fator vai pesar nas discussões. Quem sai mais derrotado das urnas -a ala esquerda ou a direita do PT? Em uma primeira análise, a esquerda sai vitoriosa.
Pertencem à esquerda do PT os dois únicos eleitos na sexta-feira -Edmilson Rodrigues (Belém) é da Força Socialista, e Pepe Vargas (Caxias), da Democracia Socialista, mesma corrente de Raul Pont, eleito no 1º turno em Porto Alegre.
A política de alianças também entra no debate. Setores à esquerda rechaçam coligações feitas com o PFL e o PPB malufista. Isso, dizem, descaracteriza o PT.
Outro tema igualmente explosivo é a avaliação que o partido perdeu em cidades onde escondeu sua face de oposição a política de FHC.
É o caso de São Paulo, onde o PT sofreu sua pior derrota. A coordenação da campanha de Luiza Erundina já se prepara para rebater as muitas críticas que virão.
"Somente quem se envolveu tem autoridade para falar", diz Jilmar Tatto, coordenador da campanha. O presidente do PT, José Dirceu, diz que não haverá "caça às bruxas". Mas o partido vai cobrar a debilidade com que a campanha de TV tratou FHC e Paulo Maluf no 1º turno. Elogios a FHC no 2º turno pioraram o clima.

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