São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Homens têm medo de atentados ao pênis

ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Decepar o pênis é um gesto misógino, de ódio aos homens". É assim que o psicoterapeuta carioca Sócrates Nolasco explica a mutilação de órgãos sexuais masculinos.
Isso significaria que as mulheres estariam limitando a identidade masculina à identidade sexual. Ou seja, o homem seria apenas o sexo.
Já Luiz Cuschnir, psicoterapeuta de São Paulo, afirma que a mutilação é um reflexo da violência que existe nas relações.
"A violência dentro da relação homem e mulher é flagrante. Às vezes não é físico, mas quantos homens são desconsiderados e humilhados por suas mulheres?"
Caso Bobbit
O episódio mais famoso de mutilação do órgão sexual masculino foi protagonizado nos Estados Unidos pela manicure equatoriana Lorena Bobbit, que amputou o pênis do marido em junho de 1994.
No Brasil, apenas nas duas últimas semanas houve quatro casos de ataque ao órgão.
No dia 5 de novembro, J.G.G.S., 17, mutilou o pênis do namorado em Serra, região metropolitana de Vitória (ES). No último dia 7, uma mulher de 62 anos decepou o testículo esquerdo de seu marido, em Resplendor (MG).
Além desses casos, uma mulher de Jaboatão dos Gurarapes (PE) jogou água fervendo na região genital de seu marido. Outra mulher esmagou o pênis de seu namorado.
Sopa
Muitos homens estão assustados com essa "onda" de ataques.
"Agora, quando for confessar uma sacanagem para uma namorada, só em um restaurante, com os dois vestidos, preferencialmente tomando sopa para não ter nenhuma faca por perto", afirma Andrei Soares, 23, tradutor.
Para João Miranda, 22, estudante de engenharia elétrica, o segredo é se prevenir. "Os homens devem evitar as loucas. Como toda mulher é uma louca em potencial, temos que tratá-las com carinho. E, se o rabo-de-saia for irresistível, ir fundo e rezar", aconselha.
Para Fauzi Najjar, 35, comerciante, o problema está no estresse da vida cotidiana.
"Essa tensão acontece em função do dia-a-dia. As pessoas não se realizam no âmbito profissional, ou familiar, e o outro paga o pato", afirma.
"As pessoas em geral nem perguntam se o parceiro está bem, se está disposto. Se um estiver estressado, devem deixar para outro dia. O sexo acaba sendo usado como uma válvula de escape", diz.
Chico Soutto Mayor, 36, publicitário, não se preocupa com esse problema. "Só depende de com quem você anda. Nunca pensei que uma mulher pudesse fazer isso comigo."

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