São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Minoria quer recompensa de Clinton

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

As mulheres e os negros reelegeram Bill Clinton. Agora, querem a recompensa: mais representantes seus no ministério e no governo.
O presidente dos EUA não parece estar encontrando com facilidade os nomes certos para as cadeiras certas e o processo de reforma ministerial vai demorar mais do que o esperado. Ele não conseguiu nem anunciar o novo secretário de Estado antes de viajar por 12 dias. Agora, decisões só em janeiro.
Clinton tem de agradar os seus eleitores, mas também se compor com a oposição. Tem de acomodar as diversas tendências internas de seu partido, mas manter os compromissos de campanha.
Some-se a tais dilemas a tradicional tendência de Clinton para retardar decisões. A conclusão é: pode-se esperar por um processo confuso e lento como o da formação de seu primeiro ministério, há quatro anos.
Líderes liberais do Partido Democrata estão reclamando cada vez mais alto de que os últimos remanescentes do grupo no centro do poder estão indo embora e talvez sejam substituídos por conservadores. É o caso do chefe da Casa Civil, Leon Panetta, trocado por Erskine Bowles, que exigiu como condição para aceitar o posto a demissão de outro liberal, o sub-chefe da Casa Civil, Harold Ickes.
O assessor especial George Stephanopoulos está saindo e seu cargo não deve ser preenchido.
Negros liberais, como Jesse Jackson, estão particularmente irritados. No primeiro ministério de Clinton, 4 dos 14 cargos foram ocupados por negros. No segundo, talvez só reste um, Jesse Brown, dos Assuntos de Veteranos de Guerra. Cerca de 84% dos negros votaram em Clinton no dia 5.
Líderes femininas também estão aborrecidas. A diferença de 17 pontos percentuais a favor de Clinton entre as mulheres que votaram foi decisiva para sua vitória.
Elas contavam com mais do que as quatro cadeiras que tinham em 1992. Mas talvez acabem com três: Donna Shalala, da Saúde, Charlene Barshefsky, do Comércio Exterior, e Janet Reno, da Justiça.
Clinton ambiciona se tornar o primeiro presidente a nomear alguém do partido da oposição para o seu ministério desde que Richard Nixon indicou John Connally em 1971. O nome mais cogitado é o do senador em fim de mandato William Cohen, para a Defesa.
O sonho do presidente é ter Colin Powell no Departamento de Estado porque a nomeação do general agradaria aos republicanos, aos negros e talvez cooptasse o principal obstáculo para a permanência do Partido Democrata na Casa Branca por 12 anos.

Texto Anterior: 'Artifícios' chamam a atenção
Próximo Texto: Manuais ilustram Guerra Fria na América Latina
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.