São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 1996
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Livro faz balanço das relações entre cinema e Estado no Brasil

Lançamento da obra da pesquisadora Anita Simis acontece hoje

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A pesquisadora Anita Simis autografa hoje, a partir das 19h30, no Anexo do Espaço Unibanco de Cinema (R. Augusta, 1870, Jardins), o livro de sua tese de doutoramento em Ciência Política, "Estado e Cinema no Brasil" (Annablume-Fapesp, 312 págs, R$ 20).
Jean-Claude Bernardet não exagera ao afirmar na apresentação que se trata de "contribuição indispensável" para a análise da "decadência de um modelo de produção", levado a curto-circuito com a extinção da Embrafilme.
Simis realiza um pioneiro e sistemático levantamento das relações entre o Estado brasileiro e a atividade cinematográfica, dos debates que levaram à criação da Comissão de Cinema Educativo em 1927 à polêmica organização do Instituto Nacional de Cinema (INC) em 1966. Sua pesquisa engloba tanto as efetivas ações institucionais, sob a forma de uma cascata de leis, órgãos e resoluções, quanto a simultânea evolução do pensamento sobre cinema no país, menos do ponto estético do que sócio-econômico -e eis a originalidade maior desse trabalho.
A oportunidade do livro cresce diante do caráter cíclico das discussões que relata. É curioso acompanhar o batismo do discurso oficial sobre cinema frisando seu potencial didático, num momento em que a mesma preocupação se transfere para o vídeo e o computador. O discurso autoritário, seja de Getúlio Vargas ou de próceres do regime militar, frisa a importância do filme como cimento da "nacionalidade".
É impossível também não detectar ecos, muitas vezes das mesmas vozes, entre o acirrado debate em torno da criação do INC ("autarquia fascistóide", segundo manifesto encabeçado por Glauber Rocha) e a presente discussão sobre o novo modelo de atuação estatal pós-Embrafilme.
Infelizmente Simis deteve-se em 1966, não acompanhando a chegada da mais grave crise do modelo que historia. A frase final do livro prenuncia um corajoso enfoque dos anos Embrafilme: "O movimento de retorno à iniciativa do Estado (...) possivelmente contribuiu para isolar o cinema brasileiro, diminuindo a força de sua presença cultural e intelectual integrada no processo cultural brasileiro". Anita Simis não pode nos furtar de terminar o que começou.

Livro: Estado e Cinema no Brasil
Autor: Anita Simis
Lançamento: Annablume-Fapesp
Preço: R$ 20 (312 págs.)
Quando: Hoje, a partir das 19h30, no Anexo do Espaço Unibanco de Cinema (R. Augusta, 1870).

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