São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Rio tem o mais caro projeto olímpico

HUMBERTO SACCOMANDI

O Rio de Janeiro tem a mais cara das 11 candidaturas a sede da Olimpíada de 2004, segundo levantamento feito pela Folha.
Os Jogos do Rio custariam cerca de US$ 3,7 bilhões, de acordo com o dossiê enviado pelo Comitê Rio 2004 ao Comitê Olímpico Internacional (COI).
Essa cifra inclui gastos operacionais (a organização dos Jogos) e de infra-estrutura na cidade (obras necessárias para realizar o evento).
Esses gastos estão divididos entre o orçamento do comitê organizador dos Jogos, o Cojo (US$ 1,7 bilhões), e o orçamento não-Cojo, composto de investimentos do Estado e da iniciativa privada, de US$ 2 bilhões.
O valor médio dos orçamentos das demais dez cidades candidatas é de US$ 2,17 bilhões. A Folha pediu aos comitês dessas cidades o valor total dos investimentos para os Jogos Olímpicos.
Buenos Aires diz que precisará de somente US$ 1,3 bilhão para organizar o evento, segundo o dossiê encaminhado ao COI.
Os argentinos argumentam que a maior parte das obras de infra-estrutura estão em andamento ou serão realizadas independentemente da indicação para os Jogos de 2004. Por isso, esses gastos não foram computados.
É o caso, por exemplo, da Vila Olímpica da capital argentina, que seria em um complexo imobiliário cuja construção já prevista pela iniciativa privada.
Pesa contra a candidatura brasileira a necessidade de construção ou reforma de quase todas as instalações esportivas, que estão obsoletas, além de custosas obras de infra-estrutura.
Cidades como Estocolmo (Suécia), Lille (França) e Sevilha (Espanha) escoram seu marketing na qualidade das estruturas já existentes. Argumentam que pouco precisaria ser feito, em termos esportivos, de comunicação ou transporte, para ter a Olimpíada.
Os suecos, por exemplo, avaliam que seu sistema de transporte urbano comporta os Jogos sem a necessidade de nenhuma reforma.
Istambul, a capital da Turquia, e Atenas, a capital da Grécia, também já estão realizando a maior parte das obras de infra-estrutura. Os gregos contam com financiamentos da União Européia.
A viabilidade financeira é um dos principais pontos avaliados pelo COI nas candidaturas.
Estouro
Apesar do orçamento detalhado, é normal que as cidades gastem mais do que o previsto. A organização de Atlanta-96 estimou o custo dos Jogos em US$ 1 bilhão. Acabou torrando US$ 1,7 bilhão.
Um estouro dessas proporções (58%) no orçamento do Rio poderia elevar o custo da Olimpíada para US$ 6,3 bilhões. É mais do que o governo prevê arrecadar com a CPMF, o imposto para a Saúde.

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