São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Conselho é pagar as dívidas e comprar à vista

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Ao embolsar neste final de ano seu 13º salário, o consumidor deve seguir, pela ordem, os seguintes conselhos: 1) pagar todas as dívidas pendentes; 2) comprar à vista; e 3) separar uma sobra e aplicá-la em poupança ou fundos.
O acerto de dívidas é fundamental porque, com os juros elevados, há compromissos que tendem a virar "bola de neve".
No cheque especial, por exemplo, os bancos cobram de 6,95% a 13,80% ao mês de clientes que entram no "negativo", segundo pesquisa do Procon-SP com 12 instituições. Quanto antes a conta é coberta, menos é pago de juros.
Os cartões de crédito também cobram taxas de 7% a 15,50% ao mês de quem decidiu "rolar" uma parte da dívida. Também nesse caso, é possível fugir dos juros se o débito for quitado antes mesmo da chegada da fatura.
Quem tem prestações vencendo, de compras feitas há mais tempo, deve separar parte do 13º para os pagamentos futuros.
Consumidor que não está endividado também precisa ter controle, aconselha o matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho.
Em janeiro começa a vencer, por exemplo, o IPVA (imposto de veículos) de 97, lembra ele. Há a tradicional despesa de férias e logo depois vêm IPTU, mensalidades e material escolares.
"Anote todos os pré-datados que deu ou vai dar", afirma Dutra, para quem a falta de controle também pode levar à inadimplência.
Pagar à vista
Tanto ele quanto Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), recomendam que, na hora das compras, se dê preferência ao pagamento à vista, buscando desconto, para escapar do juro alto.
As ofertas de três a quatro vezes "sem juros", alertam eles, costumam ser enganosas, porque em geral embutem juros.
"Três vezes sem acréscimo é senha para o consumidor pedir desconto", afirma Dutra.
Um simples desconto de 3% no pagamento à vista, nos cálculos de Dutra, já é vantajoso em relação ao plano de quatro vezes "sem acréscimo", porque isso corresponde a um juro mensal de 2,07% ao mês, bem acima do juro das aplicações financeiras.
Prazos
O vice-presidente da Anefac faz outro alerta: o pagamento parcelado em prazos mais curtos e para bens de menor valor unitário tende a embutir juros mais elevados.
Nos produtos mais baratos, como torradeiras e ferros elétricos, exemplifica Oliveira, diferenças de poucos reais passam despercebidas pelo consumidor, mas os juros são até mais altos que os cobrados na venda de geladeiras e televisores.
(GJC)

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