São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conheça os entrevistados

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem são os melhores economistas brasileiros?
Essa é uma pergunta tão controversa quanto as opiniões dos economistas brasileiros sobre, por exemplo, até onde deve ir a interferência do Estado na economia. A lista dos entrevistados de "Conversas com Economistas Brasileiros" não é unanimidade nem sequer entre eles. Não se discute, porém, que todos os entrevistados já deixaram sua marca no debate acadêmico ou na implementação de políticas econômicas.
Roberto Campos, 79, foi um dos principais mentores do plano econômico implantado durante o governo Castello Branco, depois atuou como embaixador em Londres e na década de 80 iniciou sua carreira política, no PDS, primeiro como senador por Mato Grosso e depois como deputado pelo Rio.
Celso Furtado, 76, esteve sempre do outro lado do espectro político: serviu ao governo, como presidente da Sudene, antes do movimento militar e, depois, passou 21 anos exilado, tendo sido professor de algumas das melhores universidades do mundo, como a Sorbonne, na França. Depois da anistia de 79, foi ministro da Cultura do governo Sarney, na década de 80.
Antônio Delfim Netto, 68, é uma das personagens mais polêmicas da vida econômica e política dos últimos 40 anos. Ministro da Fazenda dos governos mais duros durante o regime militar (Costa e Silva e Médici), passou o governo Geisel em "exílio" dourado como embaixador em Paris. Voltou ao poder como czar da economia no governo Figueiredo e, desde 1986, tem se elegido como deputado federal por São Paulo. É famoso pela ironia com que trata adversários e, às vezes, correligionários, e pelo grupo de fiéis "escudeiros" que o acompanha há muito.
Maria da Conceição Tavares, 66, portuguesa de nascimento, é quase tão polêmica quanto Delfim. Também é conhecida pelo tom agressivo de seus comentários e participações no Congresso como deputada pelo Rio. Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Conceição foi assessora do Ministério do Planejamento durante parte do governo Sarney e tornou-se uma celebridade ao defender, chorando, o Plano Cruzado.
Luiz Carlos Bresser Pereira, 62, conseguiu conciliar passagens pelo governo -presidente do Banespa no governo Montoro, ministro da Fazenda de Sarney, ministro da Administração de FHC-, pela academia -como professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas)- e por empresas -como diretor do grupo Pão de Açúcar.
Mário Henrique Simonsen, 61, é provavelmente o economista mais respeitado entre os próprios economistas, junto de Celso Furtado. Foi presidente do Mobral (programa de alfabetização dos anos 70), ministro da Fazenda de Geisel, ministro do Planejamento de Figueiredo durante apenas quatro meses, sendo substituído por Delfim.
Affonso Celso Pastore, 57, foi o entrevistado que mais resistiu à idéia do livro. Ligado a Delfim e Maluf, foi presidente do Banco Central no governo Figueiredo. É professor da USP e consultor.
Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, 54, palmeirense fanático, sabe de cor a escalação e o resultado de jogos. Ligado ao PMDB histórico, trabalhou com Dilson Funaro quando ele foi ministro da Fazenda de Sarney e foi secretário de Ciência e Tecnologia no governo Quércia, em São Paulo. É professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desde 1968.
Edmar Lisboa Bacha, 53, dedicou-se à vida acadêmica até 1985, com passagens como professor pelas universidades de Brasília e PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio, Harvard, MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e Yale, nos EUA. Desde então, foi presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), assessor da Fazenda e presidente do BNDES, posto ao qual renunciou no final de 95.
André Pinheiro de Lara Resende, 45, não esconde sua paixão por automóveis. Suas teorias sobre um choque ortodoxo para combater a inflação, criadas junto com Pérsio Arida, foram batizadas de Plano Larida. Foi professor da PUC do Rio, diretor do Banco Central, negociador da dívida externa, mas atualmente se dedica ao Banco Matrix, do qual é um dos sócios.
Pérsio Arida, 43, é considerado um dos economistas brasileiros mais eruditos. Estudou história, filosofia e economia na USP e depois no MIT. No governo, foi diretor e, mais recentemente, presidente do BC e presidente do BNDES. É sócio do banco Opportunity.
Paulo Nogueira Batista Júnior, 41, construiu sua carreira acadêmica na FGV do Rio e de São Paulo. Foi um dos principais artífices da moratória da dívida externa durante o governo Sarney. Foi assessor do PT durante a campanha presidencial de 94.
Eduardo Giannetti da Fonseca, 39, estudou economia e ciências sociais na USP. Passou sete anos em Cambridge, na Inglaterra, primeiro como aluno e depois como professor. De volta ao Brasil, tem se dividido entre aulas na USP e consultorias. É primo de Lara Resende e de Nogueira Batista.
(CGF)

Texto Anterior: Simonsen defende o Estado
Próximo Texto: Teoria desenvolvida por FHC é questionada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.