São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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País endurece combate ao narcotráfico

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A China afirma que seus esforços para combater o tráfico de drogas trazem resultados positivos. As armas principais são mobilização da polícia, pena de morte para traficantes e "centros de recuperação de viciados pelo trabalho".
Em abril, a polícia anunciou a prisão de 39 pessoas acusadas de envolvimento no tráfico.
Os traficantes atuavam na Província de Guangdong (sul) e em Hong Kong. A polícia afirmou ter obtido a "maior vitória contra o tráfico desde 1949", ano da revolução comunista. Dados oficiais, porém, mostram que, de 93 para 94, diminuíram as apreensões.
No dia 26 de junho, a China organizou 262 julgamentos de traficantes abertos ao público, muitas vezes em estádios de futebol.
O governo não divulgou o número de pessoas condenadas à morte. Pequim afirma que 64% dos casos envolvendo tráfico de drogas terminam com sentenças entre cinco anos de prisão a prisão perpétua ou pena de morte.
Para os viciados, a China tem 65 centros de "reforma pelo trabalho". Além do tratamento, há um programa de treinamento profissional para que o paciente tenha chance de encontrar emprego após a internação.
Trauma
No século passado, o país viveu uma onda de consumo de ópio, estimulada pelos britânicos.
A China vendia chá, seda e porcelana ao Reino Unido. Os britânicos, para equilibrar a balança comercial, optaram pelo ópio, produzido na Índia e antes usado na China como analgésico.
A droga criou um grave problema social. Em 1838, Li Zexu, governador das Províncias de Hubei e Henan (centro-sul), lançou uma campanha antidrogas, e a China exigiu alterações na política.
O Reino Unido reagiu com um vencedor ataque militar. O fim da "Guerra do Ópio", em 1842, obrigou a China a abrir mais o comércio e ceder Hong Kong a Londres. A segunda "Guerra do Ópio", em 1856, foi usada pelos britânicos para arrancar mais vantagens comerciais.

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