São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
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Mais 3 bebês morrem em maternidade

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A Universidade Federal do Ceará confirmou ontem a morte de mais três bebês na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, em Fortaleza (CE). Desde o início do mês, morreram 63 bebês no hospital.
Segundo a assessoria de comunicação da universidade -à qual a maternidade é vinculada-, dos três bebês que morreram, dois foram vítimas de infecção generalizada e o outro era natimorto. Todos eram prematuros e pesavam entre 1,1 kg e 1,9 kg.
Em novembro, morreram 63 das 637 crianças nascidas na maternidade -uma taxa de 98,9 bebês mortos a cada 1.000 nascidos. Em 1994, a média era de 22 bebês mortos a cada 1.000.
Para melhorar o atendimento a parturientes e recém-nascidos em Fortaleza, o governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), firmou ontem um acordo com representantes das 11 maternidades conveniadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) na cidade para que nenhuma gestante seja recusada.
Pelo acordo, o governo cearense comprometeu-se a complementar a tabela de preços do SUS segundo o valor da defasagem apontada pelos donos de hospital.
O presidente do Sindicato dos Hospitais do Ceará, Sebastião Fernandes, disse que o SUS paga R$ 54 pela diária de um parto, quando o gasto varia de R$ 150 a R$ 250.
Jereissati anunciou também a liberação imediata de R$ 471 mil para a ativação de 25 dos 31 novos leitos de UTIs para partos de alto risco, que havia prometido na semana passada.
O diretor da Maternidade Fernandes Távora, Rudnei Moreira, disse que o governador se comprometeu a dar treinamento a médicos dos hospitais conveniados.
Segundo o secretário da Saúde do Ceará, Anastacio Queiroz, o governo acertou com a Prefeitura de Fortaleza a criação de uma central de leitos on line para o atendimento de gestantes na cidade.
"O objetivo é centralizar as informações sobre disponibilidade de leitos e evitar a superlotação em determinadas maternidades."
Na manhã de ontem, funcionários da maternidade celebraram uma missa em homenagem às 63 crianças que morreram naquele hospital desde o início do mês.
O reitor da Universidade Federal do Ceará, Roberto Bezerra, viajou ontem para Brasília, onde deve tentar a antecipação de recursos à maternidade e ao Hospital Universitário Walter Cantídio.

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