São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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'Meu filme é bode expiatório'

LUCIA MARTINS
DE LONDRES

O diretor de "Visions of Ecstasy", Nigel Wingrove, acha que o governo usa a censura como uma forma de "mostrar para a população que ele está agindo na véspera das eleições".
"Meu filme foi um bode expiatório, assim como 'Crash' vai ser outro", disse à Folha. Ele passou os últimos sete anos em uma batalha judicial tentando liberar o filme. "Vou desistir agora porque não tenho mais como recorrer."
Sobre a decisão da Corte Européia de endossar a proibição do governo britânico, Wingrove acha que "não foi uma coincidência".
"Foi uma posição política. Acho que não era conveniente para a Corte ficar contra o governo do Reino Unido agora."
"Visions of Ecstasy" custou 30 mil libras (US$ 57 mil) e é o segundo curta-metragem do diretor. O primeiro, "Axel", fala sobre a obra de pintores surrealistas.
"Não fiz o filme para provocar ninguém. Também não esperava toda essa comoção só porque há cenas de sexo entra uma freira e Jesus", afirmou Wingrove.
No ano passado, o diretor -que também é dono de três distribuidoras de filmes, duas delas com nomes católicos (Jesebel e Redenção)- teve três vídeos censurados, um deles o brasileiro "Bare Behind Bars" (nu atrás das grades), de Oswaldo de Oliveira.
"A censura aqui está ficando cada vez mais ridícula. Não entendo por que eles não podem deixar para os britânicos adultos decidirem se querem ou não ver um filme."
Wingrove afirma que "Visions of Ecstasy" será lançado, no ano que vem nos EUA, Austrália e no resto da Europa.
(LM)

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