São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996 |
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Depoimento 1 "No dia 26 de fevereiro de 77, homens que se identificaram como policiais fizeram uma batida na minha casa e prenderam meu pai. Ele tinha 23 anos. Sei que foi levado para uma prisão clandestina, porque sobreviventes me contaram que o viram lá. Na batida, eles levaram dinheiro, bateram na minha mãe e até em mim, que tinha poucos dias de vida. Durante a minha infância, via rodar em volta de casa um carro de polícia que espiava minha família, tirando fotos. Todos esses anos tentei remontar a figura de meu pai, a partir de imagens e de relatos. Mas nunca consegui juntar os pedaços dele. Neste ano faz 20 anos do golpe militar, e os males mudaram. Hoje, o que abate os argentinos é o desemprego. Eu sou um exemplo. Deixei a escola no 2º grau para trabalhar, mas perdi o emprego e agora vendo incenso nos ônibus." Carlos Chiappolini, 19 anos Texto Anterior: Filhos da repressão unem as forças Próximo Texto: Depoimento 2 Índice |
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