São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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Ah, a adolescência...

LÚCIO RIBEIRO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Quando o lema do "um acorde, dois acordes, três acordes, agora forme uma banda" martelava a cabeça da geração "no future" do final dos anos 70, os garotos do Silverchair nem sonhavam em vir ao mundo.
Não deixa de ser admirável ver, como foi visto no último sábado no Ibirapuera, que esses teens australianos tenham assimilado muitos anos depois a máxima punk e, já aos 16, 17 anos, estejam dividindo palco com gente grande como Bad Religion e Sex Pistols, em vez de gastar as horas vendo o "Xou da Xuxa" versão canguru.
O que se viu no Close Up Planet foi uma banda de garotos que sabem que têm nas costas mais de 1 milhão de cópias vendidas do álbum de estréia e que têm ainda muitos problemas decorrentes da idade.
É praticamente impossível dissociar o som do Silverchair dos grupos que servem de influência para os meninos.
Xerox do Pearl Jam, filhotes do grunge, Kurt Cobain mirim, espasmos de Mettalica, Lemonheads com dois amplificadores a mais foram frases, cheias de razão, disparadas por parte do público durante a apresentação do Silverchair.
Já para a outra parte da platéia -principalmente os teens, principalmente as meninas-, ela até pareceu curtir os rompantes de "rebeldia" do bonitinho-da-hora Daniel Johns, o vocalista e guitarrista do Silverchair.
O repertório da banda foi usado todo em cima de "Frogstomp", o primeiro disco. Estiveram lá os hits-MTV "Tomorrow", "Israel's Son", tocadas com a competência que se espera do Silverchair.
Duas músicas do novo disco "Freak Show" (a ser lançado em fevereiro), foram apresentadas aos brasileiros: "Slave" e "Freak Show". Até arriscaram "Paranoid", do Black Sabbath.
A despeito da peculiaridade da idade, não se pode dizer que os garotos não mostraram rock'n'roll. Pelo menos até o Bad Religion subir ao palco do Ibirapuera, algumas horas depois.

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