São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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Vigor em pleno tédio

MARCELO OROZCO
DO "NP"

O show do Bad Religion funcionou como um caminhão da equipe de resgate dos bombeiros para o Close Up Planet no Ibirapuera.
Primeiros socorros com uma injeção de adrenalina eram extremamente necessários quando a banda punk de Los Angeles (EUA) começou seu show às 23h25 de sábado.
Uma soma de coisas tinha formado um estado comatoso: o "oi, mãe, eu sou rebelde porque o mundo quis assim" dos moleques do Silverchair; a anestesia torturante do Cypress Hill (Deus abençoe quem pulou no show); o festival de amadorismo nas imagens do telão; a chuva que vinha e ia; e as demoras irritantes nas montagens de palco.
O sangue voltou a circular normalmente com os 55 minutos de rock puro do quinteto americano. Pauleira direta, quase sem pausas. Punk com melodia, guitarras altas, músicas curtas.
Nada de jogo de luzes. Não há emprego para "rock stars" no Bad Religion. Todos vestiam camisetas indistintas como se acabassem de chegar da rua.
A banda, fundada em 1980, jorrou músicas de todas as suas fases. Energia total desde "Punk Rock Song", "21 st Century (Digital Boy)", "A Walk", "Do What You Want" e "American Jesus" até o encerramento com "Fuck Armageddon... This Is Hell".
E houve espaço para humor. Antes de "Generator", Gregg Graffin zoou com os Sex Pistols ("Quando formamos esta banda, pensamos. 'Se os Pistols podem, nós podemos.
E se o Johnny (Rotten) pode cantar, eu também posso'.") e cantarolou o primeiro verso do hino bicho-grilo "Stairway to Heaven", do Led Zeppelin, caindo na gargalhada ("Nem consigo cantar essa m...").
Um recado ao garoto com camiseta do Bad Religion que passou desligado e abatido enquanto rolava o show da banda que ele levava no peito.
Ou ele troca de camisa ou pensa seriamente na redenção roqueira que aconteceu, à qual ele não dedicou a atenção merecida.

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