São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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Público reduzido faz festival "calmo"

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem a invasão dos "carecas", sem bebida alcoólica, com menos público do que o esperado e uma rigorosa revista na entrada, a edição paulista do Close-Up Planet -cuja principal atração era a banda inglesa Sex Pistols- foi punk apenas no palco.
A maratona de nove shows começou às 15h15 de anteontem, com a apresentação de Os Magnéticos e só terminou quase onze horas depois pelas mãos dos Pistols.
Formado na sua maioria por adolescentes, o público exibia calças rasgadas, camisetas de banda e cabelos coloridos como uniforme.
O juizado de menores proibiu a venda de bebidas alcoólicas na Pista de Atletismo. A abertura dos portões, às 12h50, aconteceu sem tumulto.
Os Magnéticos abriram o festival, entrando no palco às 15h30 sem mobilizar a platéia, que preferia os jogos virtuais do estande montado na pista. Segundo a produção do Close-Up, o estande foi visitado por 1.200 pessoas durante todo o festival. Já Os Ostras só chamaram atenção por causa dos xingamentos e copos de papel que partiam do público.
A coisa mudou quando Clemente e os Inocentes deram os primeiros acordes de "Pânico em SP", seu maior hit, às 16h45. A essa altura, a garoa que começou a incomodar no show dos Ostras já havia virado uma chuva forte. Isso não impediu que muita gente corresse para a frente do palco. A chuva parou praticamente no final do show da banda, às 17h15.
O show do Little Quail, que deveria fechar a participação nacional, foi cancelado pela produção sob o argumento de que a banda teria se atrasado.
Às 18h05, começou o show de Marky Ramone And The Intruders. Se seguiram Spacehog, Silverchair, Cypress Hill. Nos longos intervalos entre uma banda e outra, o jingle da pasta de dente que patrocinava o festival martelava os ouvidos do público sem trégua.
O show do Bad Religion, às 23h25, fez o público pular. Quando acabou, uma boa parte da garotada resolveu ir embora, abrindo espaço para quem queria ver os Pistols. A banda de John Lydon, Steve Jones, Paul Cook e Glen Matlock tocou 55 minutos e foi a única que deu bis (leia texto à pag. 3).
Polícia
Para a PM, o Close-Up Planet foi um dos eventos mais calmos do tipo nos últimos anos em São Paulo. O esquema que tinha 300 policiais escalados para fazer a segurança esperava pelo menos 26 mil pessoas e a muita confusão.
Com praticamente metade do público, os PMs ficaram procurando usuários de drogas, principalmente maconha.
"Tem policial até demais. Nós estávamos preparados para 26 mil pessoas e para a ameaça de que os carecas (skinheads) viessem criar confusão. Até agora, só não está mais calmo do que eventos evangélicos", afirmou o tenente Marco Aurélio Valério, 26, relações públicas da PM.
O número de ocorrências também ficou bem abaixo de outros festivais do tipo, segundo a polícia. Foram 25 detenções de maiores e 12 de menores com entorpecentes, 1 ato obsceno (um rapaz que tirou a calça), 1 desacato à autoridade e 86 condutas inconvenientes (gente que pulou o muro, urinou fora do banheiro etc). Houve uma briga, que acabou com 15 pessoas presas, algumas com ferimentos leves.
Na entrada, a revista era severa. Qualquer "objeto contundente" tinha que ser abandonado. Correntes, fivelas de cinto e braceletes acabaram em latões de lixo posicionados ao lado das catracas.
Nos três postos médicos, foram registrados 70 casos, a maioria dores de cabeça e embriaguez e apenas três casos de ferimentos leves.

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